Corn syrup nas meninges

Tem alguma coisa enferrujada no coração do mundo. E talvez não seja por um leniência sistemica, de natureza econômica, política ou social. Parece-se muito mais com atrofia criativa.

Basta caminhar por um supermercado e percorrer as gôndolas com o olhar afolosado. Não existe nada mais monótono no mundo do que as prateleiras de marcas americanas.

Basta sentar na frente da televisão e acompanhar um break com seus comerciais “problema-solução”. É um deserto saturado de clichês, imagens artificiais, palavras vazias, mensagens amortecidas por toneladas de pesquisas politicamente corretas e covardes.

Basta entrar numa reunião de trabalho e tentar permanecer acordado no teatro morno de teorias rasteiras e referências batidas.

Falta senso de humor, falta imaginação, falta vida e principalmente falta, mas falta muita leveza.

Várias quimeras passam pela cabeça para justificar esse estado de letargia. Uma espécie de mau-gosto endêmico;   uma Texanização da percepção do mundo; um gosto patológico pelo método e seu corolário, a aversão à imaginação; o fascínio pela grana que vem da poupança investida na bolsa e a consequente preguiça criativa.

Quem sabe o xarope de milho tenha empastelado o hemisfério direito do cérebro das grandes marcas americanas.

6 thoughts on “Corn syrup nas meninges

  1. A aversão à imaginação não é corolário do gosto patológico pelo método, é a mesma coisa. Estou com você contra o tédio mortal provocado por essa patologia. Só não acho que se restrinja às grandes marcas americanas. Dada a identificação de pensamento, espero que um dia possamos fazer alguma coisa, uma coisinha só que seja, juntos. Sinto falta de quando o blog tinha material inédito todos os dias. Abraço.

  2. acabei de voltar ao batente após uma temporada de 5 meses vividos intesamente na companhia de uma bebezinha e uma criança de 3 anos, minha filhas, as jóias da minha vida.
    imagine meu choque.
    incomodava antes, mas agora está insuportável… além de tudo o que você falou, é só papagaiada. não tem uma frase verdadeira. como diz o lobão, “não tem paudurescência”. uma chatice. gente é prá brilhar, não prá morrer de fome.

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