Fé na mentira

Trabalhar com propaganda é uma questão de fé antes de talento.

Essa é a lógica:

O cliente te conta um monte de mentiras sobre sua marca (ele não iria mesmo de te contar o tamanho do bônus que ele vai ganhar se alcançar a meta).

Os consumidores te contam um monte de mentiras sobre suas vidas (afinal de contas segredos de divã custam muito mais do que murchas coxinhas).

Tudo aquilo que você consegue entender sobre os concorrentes também é um monte de mentiras (eles não são burros de serem tão óbvios).

As pessoas com as quais você trabalha mentem estupidamente quando apostam num conceito (não é consenso, é preguiça ou amor ao crediário do Shopping).

Por sobre esse vale de mentiras, faz-se propaganda numa vã esperança de zerar as polaridades, mentindo.

Clientes vendem mentiras que consumidores consomem mentindo. Seria pretencioso achar que cabe à propaganda a celeste missão de reconciliar mentirosos patológicos.

E seremos os melhores se melhor mentirmos. Se mentirmos dizendo que acreditamos nas mentiras dos clientes, dos consumidores e de todos os outros mentirosos que nos cercam. A fé é o único talento.

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