Marketing é marketing. Cultura c’est autre chose

Os gurus de autoajuda empresarial trocaram ideologias por idolatrias. Rezam por essa mesma ladainha há anos: as marcas são ou devem ser influências culturais.

Existe um extenso repertório de patologias empresariais e tipificá-las retoricamente costuma ser um alívio psicológico.

Para isso, a polarização ajuda a definir extremos sem correr riscos: caricaturas não encarapuçam.

Há empresas que se autoproclamam influenciadoras. Mais por acidente do que por ideologia, suas marcas impregnaram infinitas histórias de incontáveis pessoas. E acreditando que cultura se constrói quantitativamente, as marcas, seriam, assim, uma espécie de patrimônio cultural de um grupo, de uma sociedade, de um povo, da espécie inteira. A pretensão crê-se assim capaz de transformar a cultura.

Essas organizações costumam orientar suas ações, principalmente de comunicação, para estratosferas filosóficas, evoluindo em bolhas dogmáticas, gramáticas peculiares e bíblias conceituais messiânicas.

Um terráqueo normal – desses que nasce, sofre, ama e tem medo da morte – ao aterrissar por acidente no marketing desses Olimpos, se sentiria em Marte: “que língua falam? com quem querem falar? o que querem vender? isso é algum reality show?”

Mas a cultura, felizmente, não se molda através de coisas mas de ideias. A cultura, felizmente, não é um produto. Cultura não é uma sopa enlatada, nem mesmo quando decora os museus.

Até porque, como sempre, os “culture shapers” entenderam errado, ou apressadamente o que não passava de uma piada.

Infelizmente, tudo é tão desprovido de humildade e senso de humor, que poucos sacaram que marketing é só marketing e propaganda é só propaganda.

Sem essa de cultura. O que realmente presta no marketing – e principalmente na propaganda – é quando ri de si mesmo.

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