Cada um tem o like que gosta

O debate da moda é a likabilidade.

Muitas linhas já foram derramadas sobre esse tema e o consenso é meio óbvio: o like é o novo viewed, a quantidade de likes corresponde à antiga medida de pages viewed. Portanto a likabilidade é uma medida de atividade, ou se preferirmos uma metáfora ainda mais antiga, é cobertura: um like é um impacto em uma pessoa.

Portanto, like não quer dizer like nem engajamento, nem envolvimento. É só uma confusão típica de quem, ingênua ou maliciosamente, viu na Internet uma revolucionária nova fronteira – para a comunicação ou para ganhar dinheiro. A Internet e o Facebook estão cheios dessas armadilhas: assim como like não é like, fan não é fan.

Mas é bom ter muitos likes, claro que é. É sinal que a página não é um cemitério periférico. Tem fluxo. E como o excesso de métricas atrapalha o raciocínio: no fim do dia, o que se procura mesmo é o beabá dos beabás desde que inventaram a palavra mídia: likes (fans), ou seja, audiência. A “Internet” nos enganou vendendo sua improvável mensurabilidade in extremis.

Então qual seria a métrica ideal? Outras mais complexas são inventadas todos os dias. E assim tiramos do baú mais palavras falsas que convencem para justificar a falta de likes.

Talvez um dia a gente consiga praticar a “engajaganda”, mas certamente não será através do artifício esperto de confundir like com like.

8 thoughts on “Cada um tem o like que gosta

  1. De um jeito esquisito, o nome do botão “Like” já não faz referência ao ato da apertada de botão. As pessoas se amorteceram ao formato, que nem analgésico que já não faz mais efeito. Cada vez mais deixa de ser volição, julgamento moral, e passa a ser um reflexo para-simpático.

    Interessante que esse exercito de like-zumbis que o Facebook criou só rolou pq a mecânica de se apertar um botão com um nome nele atribui aprioristicamente ao objeto (as pessoas no facebook), não ao analista, a capacidade de mensurar o próprio ato.

  2. Oba Alphen, excelente texto. Tenho discutido muito isso acompanhando essa briga pelos likes e fans de uma página. Os fans não são nada diferentes dos cadastros, das bases de emails que as empresas até pouco tempo formavam em seus sites. A custo de que? Promoções, exatamente como 90% das marcas vêm fazendo, ressurgindo os bons e velhos PROMONAUTAS. O mais legal é perceber que o resultado, a resposta, traz números muito próximos da taxa de abertura e cliques do bom e velho email marketing, mas vai daí… Fans mesmo só no futebol, mas vamos deixar isso de lado pq estou com dor de cabeça de ontem e você vai se preparar para a batalha de hoje, né? Um abraço. Brossa.

  3. I don’t like who likes everything. It looks like “like” anything is now something everybody likes. I like when “like” happens if the person really likes that thing. Otherwise, “like” is like a fake like. It doesn’t count like a “like”. Who likes this kind of shit? I don’t like it…

  4. como me disse um sábio – que não é publicitário, of course – “vocês levam internet muito a sério”…

  5. Bem colocado, Like não é engajamento, nem nunca foi. É a velha mania de confundir quantidade com qualidade. No dia que o e-commerce (e sua variantes m-commerce, f-commerce etc) passar a ser padrão, e esse dia há de chegar, teremos finalmente como medir o valor financeiro das ações digitais, sabendo exatamente de onde vem a compra, mas por enquanto, na minha humilde opinião, Like é só número pra enfeitar PPT e seu irmão moderninho, o videocase.

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