Uma coisa é fazer um produto barato, outra coisa é fazer um produto vagabundo. Uma coisa é construir uma marca democrática, outra coisa é construir uma marca segregada. Uma coisa é montar um plano de mídia inteligente, outra coisa é montar um plano de mídia preconceituoso.
Tem sido um axioma incontornável começar qualquer raciocínio mercadológico a partir de sua adequação para uma classe social: “se o produto tem qualidade, ele é para poucos, logo vou falar para quem entende” ou “se o produto é vagabundo, a marca tem que falar com o povão na mídia massivamente burra”.
Não é preciso citar o sucesso das marcas (da Coca Cola ao Google) que foram capazes de transcender esse raciocínio estúpido, atingindo plateias que se unem pelos seus valores e não pelo seu bolso.
Mas para derrubar essa deformação profissional, esse calo intelectual, é preciso antes defrontar-se com outro comum preceito (preconceito): a propaganda precisa ser aspiracional.
Temos a mania de achar que todo mundo tem os mesmos sonhos, ambições e desejos que nós mesmos. O nosso entendimento dos consumidores tem sido demasiadamente construído à nossa imagem e semelhança. Isso explica tanta comunicação cheia de personagens com a nossa cara, gente bonita, rica, jovem, alegre, ouvindo bossa nova, fazendo e acontecendo como se o mundo estivesse à nossa disposição, esperando o toque de Midas. Tanta comunicação que achamos cosmopolita e antenada, refletindo tendências copiada dos arautos da modernidade internacional. Tanta comunicação com cenas da vida de um jovem londrino bem nascido, com voice-over de clichês de auto-ajuda, moralista, com malabarismos semânticos pretensamente inteligentes. Tanta propaganda dando aula e tão pouca propaganda convidando para o boteco.
A propaganda não precisa ser aspiracional para ser boa e eficiente. Basta que seja sincera e verdadeira. A propaganda não precisa organizar a frustração dos consumidores e compensar a nossa, basta que ela crie empatia entre as marcas e os valores das pessoas. Basta que seja cheia de charmes.
“A propaganda e as empreguetes”. Mais um artigo do @Alphen que, se botar na vitrine, vale mais que R$1,99. http://t.co/anII2xFi
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Fazemos comunicação com preconceitos? A provocação vem do @alphen e vale a pena ler – http://t.co/uAePGVtt
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Isso explica também porque ouvimos tanta música indie nas propagandas.
rsrsrs…. como resolver?
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o @alphen acertou em cheio, “… plateias que se unem pelos seus valores e não pelo seu bolso.” http://t.co/0XLGJ8Z9
A propaganda e as empreguetes, excelente texto http://t.co/iTIyXzfJ
E como é aí na F/Nazca com Skol, Alphen?
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