Primeiro capítulo. O chefe vem aí. De tanto que já apanhou, vai bater de volta.
Segundo capítulo. A culpa, de quem a culpa? O bode? O bode? A agência, claro.
Terceiro capítulo. Vamos dar um susto neles. São recalcitrantes, lentos, caros. Não estão acertando. Não entendem. Não mastigam nossa idiossincrasia, nem aliviam nossos medos. E ainda se embriagam de Taittinger na Côtes d’Azur.
Quarto capítulo. Precisa ser um show. Para distrair, desfocar, armar um circo. Chama uma concorrência.
Quinto capítulo. Sapeca um briefing. Ajunta um pá de informações daqui e dali. Recheia o pedido de palavras que-é-pra-dar-uma-dica e frases que-é-pra-agradar-a-todos.
Sexto capítulo. Ratos, tremam e lambam os bigodes. Bastante dinheiro para aleitar as messalinas. Depois vira tudo pó de varejo. É assim mesmo. Somos assim.
Sétimo capítulo. Tem que usar um disfarce. Tem rato calejado por aí. Faz uma mise en scène. Arrisca uma pesquisa. Não vai ter auditor. Depois acochambra.
Oitavo capítulo. Escolhe os ratos mais gordos. Que façam um belo zoológico.
Nono capítulo. Sem tempo. Sem tempo. Sem tempo. Ouve o blablablá, faz de conta, preenche a planilha.
Décimo capítulo. O gato olha o rato que olha o gato que olha o rato. Para o rato, o gato é um gato. Para o gato, o rato é um prato, só um nhaco. O gato arrota o rato.
Fim.
Porque eu gosto tanto deste texto?
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