O Iguatemi JK e a sagração publicitária

Tem gente que leva muito a sério a natureza primata do ser humano. O gozo pulsa numa espécie de compensação hierárquica: comer, trepar, comprar e etc. Coma para poder trepar, trepe para poder comprar. Ou qualquer outra cadeia semântica que tal.

Na atual conjuntura sócio-econômica-cultural do país, a propaganda brasileira se identifica com o esse coito interrompido: comprar é a sublimação do prazer. A propaganda desses pragmáticos é assim: “não me venha com a punheta intelectual, que eu já gozei”. Reclames com jogador de futebol de brinco flamejante, tele-apresentador cínico, atriz gritalhona, dá-lhe!

E o Iguatemi JK é a mecca das drag-queens de Louboutin, o play-ground do cabelo azeviche de BMW branca, a passarela das Goyards monumentais desfilando periguetes engomadas e Falcons inchados. O ideário publicitário não poderia encontrar mais pornográfica evocação.

E depois, Brasil?

Pagar a prestação, dar golpe, ou calote exemplar.

Comer, trepar, comprar, calotear.

E depois, Brasil?

3 thoughts on “O Iguatemi JK e a sagração publicitária

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