Obrigado pastor

Numa mega-igreja de Ohio, onde 4 mil ovelhas se encontram cada domingo para um show de fé, alguns aproveitam para fazer uma pós-graduação religiosa oferecida pela corporação evangélica. O temente a Deus pode escolher diplomar-se em “oração aos nossos soldados em guerra contra os inimigos do povo americano” ou “a cura do homossexualismo”, por exemplo.

Entre doações para a construção de um estúdio de gravação ou para sustentar os missionários evangelizadores de povos atrasados, a pequena burguesia caipira do cinturão da bíblia americano – aquela mesma que elege os grandes guerreiros do império e que acalenta legionários domésticos para combater a tirania – luta contra a culpa cristã.

Não poderia ter sido mais caricato do atoleiro institucional e cultural em que nos encontramos, do que eleger como presidente um pastor homofóbico e racista convicto para a Comissão de Direitos Humanos e de Minorias da Câmara.

Vivemos momentos turbulentos. Quando conchavos políticos sinistros contrariam o bom-senso civilizatório mais elementar e quando as instituições que nos representam fazem vista grossa, é um déja-vu na história dos povos: prelúdio de trevas.

Mas o pastor insignificante e irrelevante talvez esteja fazendo-nos um favor. Quem sabe, graças a ele, não abra-se o debate sobre questões importantes da sociedade como o preconceito em todas as suas formas.

Ou questões ainda maiores, como esse poder oculto, insidioso, perverso, organizado por uma espécie de ressurgimento religioso em todos os lados do espectro da fé: do papa dos pobres careta ao ambicioso pastor.

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