Antes de mais nada, para falar de Big Idea, é bom definir o que é essa Terra Prometida, Eldorado, Atlântida, País das Maravilhas. Lamentavelmente, existem tantas definições para Big Idea quanto existem Big Ideas. Em outras palavras, uma Big Idea geralmente define-se depois de encontrada.
Para alguns, Big Idea é simplesmente uma boa ideia. Esse talvez seja o mais honesto dos entendimentos.
Para outros, Big Idea é uma espécie de mínimo denominador comum, suficientemente maleável (medíocre) para servir (preguiçosamente) de referencia para toda e qualquer interface de uma marca com seus consumidores.
Para alguns, Big Idea é uma celebridade, para outros, um jingle; para alguns Big Idea é um slogan, para outros é uma identidade visual; para alguns Big Idea é uma data de entrega criativa, para outros Big Idea é só uma alternativa linguística para a mais vulgarizada das palavras, a Ideia.
A definição de Big Idea também flutua ao sabor das tendências – e sabemos como esse mercado é influenciado por qualquer brisa que sopra do Tâmisa ou da Côte d’Azur. Pois a moda agora é dizer que uma Big Idea é uma ideia que tem poder de transformar uma marca num agente de transformação social ou cultural.
Seguindo essa onda, a Big Idea virou uma espécie de álibi para justificar os objetivos mornos, prosaicos e por vezes maliciosos das marcas. É a carta de nobreza do marketing e da propaganda, a moeda que compra a consciência e uma gleba no céu.
Seríamos ingênuos de acreditar que o resultado de Cannes 2013 vai redefinir o papel das marcas na sociedade. Cannes não é Camp Davis, Kyoto, Davos. É só uma festinha de firma, entre colegas, na Mongaguá francesa.
Na mosca. Tenho concordado tanto com vc ultimamente. Seria preocupante?
Pois é.
Falo por mim: 8 anos na labuta em planejamento estratégico e após cada Festival de Cannes fico com a impressão de que escolhi a profissão errada.