Menos antidepressivo, mais insegurança

Você se acha gostoso e inteligente no Facebook? Cuidado, você está senil.

Não existe sensação mais perigosa do que o entorpecimento da autoconfiança, aquele conforto do poder, a pança da segurança blasé, o bem-estar de saber distinguir o gosto do desgosto.

Quando sobre tudo se tem uma opinião que a “experiência” lhe conferiu, quando a fluência do monólogo  é cômoda e o ouvido atrofiou de tanto escutar-se, as soluções rápidas não são apuros de raciocínio e inspiração mas preguiça disfarçada de sabedoria.

Essa sensação é chamada de senilidade e acomete moços e velhos cronológicos.

Estranhamente ou não,  é muito comum entre os jovens das gerações acolchoadas que nasceram a um clique de toda a informação, a um passo do ócio voluntário. Caduca  cedo a geração que parece já ter nascido sabendo.

Estranhamente ou não, os da geração que ralou o joelho no recreio, que decalcava enciclopédia e tinha roupa de sair e outra de bater aprende rápido a ficar senil. Caduca rápido a geração que teve que teve aula de Facebook.

O remédio para tudo isso é diminuir a cota de antidepressivos, naturais, artificiais, medicinais ou fantasiosos. É tomar menos prozac, fazer menos plástica e principalmente posar menos para o celular. É consumir menos pílulas de saber, menos elixires de prazer instantâneo, menos shopping, menos seriados, menos masturbação virtual nas redes.

O remédio é ser humano temente à natureza das coisas: fraco, só e inseguro.

4 thoughts on “Menos antidepressivo, mais insegurança

  1. Ai… tava gostando de tudo, concordando com tudo, mas cismei um pouco com a parte dos antidepressivos, porque há uma doença importante relacionada (que não tem nada a ver com o “ser blasé” que você critica, e eu também detesto). Entendo a liberdade poética, mas senti uma vontade irresistível de diferenciar. Vai ver é pra isso mesmo que servem os comentários, né? No mais, show de bola.

  2. Achei meio sem saída, como se todo mundo estivesse errado em tentar melhorar. Será que não há um meio termo, um equilíbrio entre a medicação e a aceitação das nossas fraquezas? De que é mesmo que estamos falando? E quem é que está certo então? Só quem nasceu perfeito?

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