Você se acha gostoso e inteligente no Facebook? Cuidado, você está senil.
Não existe sensação mais perigosa do que o entorpecimento da autoconfiança, aquele conforto do poder, a pança da segurança blasé, o bem-estar de saber distinguir o gosto do desgosto.
Quando sobre tudo se tem uma opinião que a “experiência” lhe conferiu, quando a fluência do monólogo é cômoda e o ouvido atrofiou de tanto escutar-se, as soluções rápidas não são apuros de raciocínio e inspiração mas preguiça disfarçada de sabedoria.
Essa sensação é chamada de senilidade e acomete moços e velhos cronológicos.
Estranhamente ou não, é muito comum entre os jovens das gerações acolchoadas que nasceram a um clique de toda a informação, a um passo do ócio voluntário. Caduca cedo a geração que parece já ter nascido sabendo.
Estranhamente ou não, os da geração que ralou o joelho no recreio, que decalcava enciclopédia e tinha roupa de sair e outra de bater aprende rápido a ficar senil. Caduca rápido a geração que teve que teve aula de Facebook.
O remédio para tudo isso é diminuir a cota de antidepressivos, naturais, artificiais, medicinais ou fantasiosos. É tomar menos prozac, fazer menos plástica e principalmente posar menos para o celular. É consumir menos pílulas de saber, menos elixires de prazer instantâneo, menos shopping, menos seriados, menos masturbação virtual nas redes.
O remédio é ser humano temente à natureza das coisas: fraco, só e inseguro.
O quinto parágrafo diz tudo. Oh dó de todos nós! Beijos
Ai… tava gostando de tudo, concordando com tudo, mas cismei um pouco com a parte dos antidepressivos, porque há uma doença importante relacionada (que não tem nada a ver com o “ser blasé” que você critica, e eu também detesto). Entendo a liberdade poética, mas senti uma vontade irresistível de diferenciar. Vai ver é pra isso mesmo que servem os comentários, né? No mais, show de bola.
É tanto tanto, que provoca n’agente o excesso da falta.
Achei meio sem saída, como se todo mundo estivesse errado em tentar melhorar. Será que não há um meio termo, um equilíbrio entre a medicação e a aceitação das nossas fraquezas? De que é mesmo que estamos falando? E quem é que está certo então? Só quem nasceu perfeito?