Síndrome de mozartismo

“Ele nasceu para isso! Pequeninho já brincava de escrever e desenhar. Quantas vezes não chegava correndo na sala mostrando para as visitas as propagandas que ele tinha feito? Dava gosto. Não espanta que ele se deu bem na vida. Veio com o dom.”

Por menos que se acredite na predestinação, ainda reverenciamos a genialidade de direito divino. Como se nascêssemos dotados de pré-talentos que desabrocham no curso da vida, por uma centelha mística, em realização e reconhecimento. A educação que recebemos existe para criar uma espécie de terroir fértil para que ecloda a genialidade natural. É o dom que se aplaude.

A gente passa a vida tentando achar nosso grão de Mozart.

E ninguém nunca falou do suor do pequeno Woolfie, ninguém nunca se interessou pelo sangue escorrendo dos seus dedinhos sobre os teclados. Ninguém nunca quis saber da sua teimosia, obstinação, obsessão.

A gente gosta mesmo é da mágica e enquanto ela não vem, que tal empurrar a vida para o fim?

Experimentar é tão mais fácil do que perseverar!

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