Um pouco de silêncio para acalmar a divina ira

Como é sabido, a Bíblia é uma coleção de histórias, disparatadas, contraditórias, contadas pelos homens muito antes de serem transformadas em livro e muito antes também de haver um Deus único onipotente.

A história do Dilúvio aparece em muitas tradições e em uma delas, na Mesopotâmia (anterior a do antigo testamento), os Deuses estavam chateados com os seres humanos. Eles fervilhavam em todo canto, faziam muita bagunça e principalmente faziam um barulho ensurdecedor. Eles eram muito tagarelas, fofoqueiros, encrenqueiros, noite e dia, dia e noite. Para acabar com a farra e poder finalmente dormir em paz, os Deuses tentaram vários estratagemas para acabar com tanto blábláblá, mas o que pareceu mais convincente foi um dilúvio.

A parte triste da história é que um dos deuses, amigo dos humanos, soprou no ouvido de Utnapishtim o que ia acontecer. Foi assim que o Noé do dilúvio mesopotâmio, construiu a arca e salvou a humanidade.

Dizem que 100 bilhões de mensagens são trocadas por dia no Whatsapp, 576 mil horas de vídeo no Youtube, 95 milhões de fotos no Instagram, Elon Musk tem 193 milhões de seguidores e posta em média 154 vezes também por dia.

Os Deuses devem estar furiosos com tanta balburdia.

Se os humanos não fossem irresponsáveis sozinhos e que a destruição iminente do nosso habitat não fosse culpa nossa (e de alguns poucos mais do que a esmagadora maioria: dizem que o foguete da SpaceX do Jeff Bezos causou um buraco na ionosfera que durou 20 minutos quando explodiu. Que direito um ser humano tem de provocar um buraco na ionosfera? Que lógica há em destruir a Terra para salvar os terráqueos?), a gente poderia dizer que as mudanças climáticas são uma espécie de dilúvio que os Deuses estão mandando para acabar com o nosso barulho.

E se para se salvar, a gente devesse se calar um pouco?

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