Tag Archives: Cultura de massa

Improviso vale mais que trabalho

Cultura é uma palavra difícil. Mas a sua definição mais  comum é discriminatória. Não existe cultura sem “descultura”, só existe “culto” se houver “inculto”. Cultura  não tem conotação negativa. Cultura é elevação. É sublimação. É idealização.

Um seringal da Malásia, ordenado e produtivo, é uma cultura. A floresta amazônica com suas seringueiras esparsas não são culturas. Os seringais do Brasil são acidentais, improváveis, dados. Cultura é premeditação, planejamento, organização, técnica, método.

Cultura tem valor. Dom, não.

Os caras que se mataram para trazer pedra do fim do mundo e ergueram as pirâmides no meio do deserto tinham uma cultura. O índio, que cata as penas da arara e espeta num cocar, não tem cultura.

Quem rala tem valor. Bumbum pra lua, nem.

Se só cultura tem valor, então só cultura tem preço. O resto, o que vem de Deus, é de graça.

Mas não é nada disso.

Preço não é fator de esforço, mas de demanda. Vale quanto pedem, e não quanto pesa. Vale o que troca, e não o que usa. Por isso inventaram a cultura de massa, a popular, aquela que emana do dom divino com ou sem ralação. E a cultura de massa ganhou preço e valor.

A outra, aquela do sangue, suor e ouriço, danou-se. Perdeu valor porque não tem regra econômica que a justifique. Não vale mais nada.

O fatalismo é uma merda.

embedded by Embedded Video

YouTube Direkt