Todo mundo tem muita opinião sobre Internet. Por ser, provavelmente, o meio mais fácil de ser pesquisado, ele também é o mais pesquisado. E, com ou sem carona em pesquisas, tem mais analista do que internauta, principalmente os sem carona.
O Orkut é incontestavelmente a rede social mais popular do país (com uma diferença abissal para os outros), aquela que as pessoas mais costumam acessar (o Orkut não é um cemitério de bits), e permanece incólume, no topo, há mais de dois anos.
Sua utilização é abrangente (usado ativamente no compartilhamento de conteúdos) e acompanha a própria penetração do acesso à Internet em termos de classe, idade e sexo.
Por outro lado, o crescimento das outras redes, pretensamente mais populares acima do Equador, acompanha tão somente o crescimento da massa de internautas.
Mas todo analista adora comparar, inclusive coisas incomparáveis, como o Orkut e o Facebook. E claro, a brasa sempre é puxada para sua sardinha. E o Facebook é a sardinha de quase todos os analistas, os sem-carona.
O mais recente argumento dá conta do crescimento do Facebook na Índia, igualando o Orkut. Mas também ouve-se que o Facebook tem mais aplicativos, tem integração mais amigável com outras redes, tem gadgets mais divertidos, é mais privativo, é mais preparado para intervenções comerciais como conteúdos proprietários de marcas, é mais bonito, mais moderno, mais seletivo, mais isso e mais aquilo. Mas a Índia não é aqui.
Mas se a penetração do Orkut não mexe uma palha há anos, se as outras redes não crescem na proporção de suas ambições e da torcida uniformizada dos analistas, pelo menos duas hipóteses podem ser levantadas.
A primeira é que provavelmente as diferenciações do Facebook não são suficientemente relevantes para atrair pessoas já habituadas e sedimentadas no Orkut. Dá trabalho mudar de número de celular, mesmo com a portabilidade. Migrar de rede é mais do que trabalhoso, é como mudar de identidade, de país, de família.
A segunda hipótese é que o Orkut talvez não seja tosco, mas simples. E essa simplicidade talvez seja o que as pessoas gostam nele. Se perguntarem para uma novelista militante se ela quer interatividade, por exemplo, e escolha de trama online, aposto que ela vai mandar todo mundo plantar coquinho na rede mundial de computadores.
Toda análise é boa, desde que não contrarie as evidências.