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A propaganda lorem ipsen

Tudo bem que o futebol é a coisa mais importante do mundo, a alegoria perfeita, o retrato fidedigno da nação tupi.

Somos uma tribo dirigida por empresários safados, instituições corruptas, em que brilham estrelas analfabetas, adoradas por um turba violenta, irracional e fanática.

E todos, até os mais esclarecidos, bem pensantes e politicamente corretos, compactuam dessa imagem, inclusive os que vivem nas Coral Gables ou Avenues Foch nhambiquaras.

Agora que o tricolor que interessa vai ser campeão da zona de rebaixamento, que as próximas copas serão nossas por mérito e posse, agora sim, vamos enfastiar de tanta gorduchinha.

E a propaganda, o exaustor da cultura txucarramãe, já começou a epopéia.

Os três briefings sairam da mala cheirando a naftalina:

1 – Guerreiros, erguei as zarabatanas!
2 – Índios, adorai os seus heróis!
3 – Nação sangrai verde amarelo!

Ou o briefing dos briefings: soldados defendendo a pátria ajoelhada em prece desvairada.

Somos um país de marketing e propaganda monotemáticos, lorem ipsum dolor sit amet, consectetuer adipiscing elit. Etiam eget ligula eu lectus lobortis condimentum. Aliquam nonummy auctor massa. Pellentesque habitant morbi tristique senectus et netus et malesuada fames ac turpis egestas. Nulla at risus. Quisque purus magna, auctor et, sagittis ac, posuere eu, lectus. Nam mattis, felis ut adipiscing.

2,5 mil e poucos dias da marmota

Futebol é a coisa mais importante do mundo. No Brasil, a gente come, trepa e caga futebol. Todas as metáforas, todas as audiências, todas as conversas, tudo, tudo, tudo é futebol.

Primeiro dia de aula no Brasil e o professor me pergunta “pra que time você torce?”. No meu frágil português, entendi que era importante responder, apesar de não saber o que era “time” e muito menos “torce”. Olho ao meu redor as manifestações histéricas dos colegas gritando nomes incompreensíveis. Repeti qualquer coisa para me deixarem quieto. Arrependi-me amargamente de ter escolhido o time errado, ou seja, o da turma mais sem graça da classe. Mas saquei que entender de futebol era uma questão de sobrevivência social e me apliquei na tarefa.

E estamos quase lá, gente!

Ano que vem tem copa do mundo na África. E daqui a 4 anos, no Brasil. Na pior das hipóteses, a gente vai ficar cinco anos torcendo. E como tem olimpíadas daqui a 7 anos, os próximos 7 vão ser mono-temáticos.

O marketing e a propaganda não são propriamente os palcos da originalidade, então vai dar calo na língua e no cérebro nos próximos 2,5 mil e poucos dias da marmota.