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Se eu não pegar esse trem que parte agora

Quem não anda atolado por novidades virtuais bom sujeito não é. É tanta coisa para conhecer, experimentar, ter opinião. Esse medinho na barriga de não saber o que está rolando é um dínamo e um veneno.

Vivemos da crença de que tudo, tudo vezes tudo, pode ser resolvido online. Relações, compras, experiências, sexo, fama, dá para fazer online. Essa fé é corroborada pelo discurso positivista do progresso inevitável: só a tecnologia salva.

Profetas apocalíptico já anunciavam o fim da humanidade. A velocidade dos intercâmbios beira a impossível velocidade da luz. E bang! Uma dia a casa cai.

Antes, quando a Internet ainda era difícil ou improvável, o mundo das máscaras, da fugacidade, da fantasia científica, o virtual era uma espécie de compensação psicológica. Mesmo que imaginado mais do que experimentado, era a fronteira que redimiria a nossa pequenez.

Mas virou o jogo. Ou tá virando e quase tudo dá. Se não dá para mim, já dá para outros e já já eu pego o bonde.

Qual será nossa nova compensação existencial? Não seria o real, o de verdade, o tátil, o visto, o engolido, o cheirado?

Quanto mais virtual nos tornarmos, mais precisaremos do real. Quanto mais online forem as coisas, mais o offline será irresistível.