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A fumaça novidadeira não enche barriga

Os rótulos estão para as tendências assim como a fumaça está para o fogo. Anunciam e apontam. E quando há muito mais espuma do que água significa que a gestação é de risco.

E é por aqui que entra o alvoroço gago mais conhecido sob o palavrão trans-midia-story-teller-brand-content.

É uma espécie de mistura de conteúdos servida num leito de mídias e que se consome de forma intravenosa ou ativamente. Pode ser degustado na bancada da cozinha gourmet ou no quilo da esquina, mas é sempre muito apetitoso para quem tem fome de alternativas.

Não nos cabe julgar o sentido de oportunidade, tampouco o oportunismo de agências de comunicação oferecerem esse discurso suculento a seus clientes. Até porque o período de críticas venceu e, com resultados ou sem, nego quer e ponto.

A questão, no entanto, é mais uma vez o formato de remuneração desse tipo de oferta que conjuga complexidade a incerteza numa dose quase incalculável.

O custo não é mais base para precificar o cardápio T.M.S.T.B.C.

Quanto se paga por uma espuma de pupunha com suspiro ardente de priprioca marinada na casca da castanha do Pará? Muito. Quanto custa? Impossível calcular pelas fórmulas clássicas, custo, overhead, mark-up, margem de concorrência, etc. É muito mais uma função de inventividade, experiência, coragem e reputação, portanto, mais insustentável que a leveza do ser.

Essa é a pedra no sapato de quem cria e o cisco no olho de quem tem que pagar.

É por isso que é tão difícil botar o power point na rua. Os formatos tradicionais (de mídia e remuneração) inseridos no discurso moderno – mesmo que inflados por um tipo de subsídio – serão ainda por muito tempo a melhor forma de convencer o cliente sem sugar a receita das agências.