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All work and all play: 10 minutos num biscoito chinês

Desde de a década de 60, a sociedade-bem-nutrida banhou-se na quimera de que o bem-estar era um fim e não um meio: “não importa o que, contanto que eu faça o que amo”. Sabedoria de biscoito chinês.

Apesar de passados mais de 50 anos, os bem-aventurados dos anos 2012 – sempre reclassificados por antropólogos de videogame – ainda empunham as bandeiras de um revisitado flower power pseudo-consciente e um epicurismo semi-engajado, movidos pela valorização exacerbada de uma juventude cheia de energia e um empreendedorismo imediatista, com o perdão do eufemismo.

Imagens clipadas dos lindos e livres, movidos por filosofias de super-herói, citações precoces e pesquisas precipitadas são uma cachaça fácil de digerir.

Desde que o homem olhou para as nuvens e perguntou-se para onde rumavam apressadas, é mais fácil acreditar do que pensar, comer batata frita, evitar o amargo, falar antes de ouvir, dormir, trabalhar só o necessário, aprender na wikipedia e engolir o mastigado.

A receita, regurgitada, diz que a vida só vale a pena se gozada. “Dá trabalho? Desiste, parte para outra. Leva tempo? Cai fora, tenta outra. Não insista. Não persevere. Não estude. Não aprofunde.”

Tendência ou revisionismo oportunista? E no subtexto, sutil demais, duro demais: é a seleção natural dos belos e sortudos.

Como disse o vampiro Barnabé: ” É uma pena. Vocês são jovens e legais, mas vou ter que comê-los.”