Sugiro abolir a palavra mídia

Em tempos de fragmentação dos meios; veículos noticiosos, veículos noticiosos de esporte, de culinária, de automóveis, de gatos siameses, veículos técnicos, veículos técnicos de esporte, culinária, automóveis, gatos siameses, veículos de fofoca, veículos de fofoca esportiva, gastronômica, automotiva, felina do Sião; que sentido faz classificá-los ainda pelos seus dispositivos de recepção: Revista, Jornal, Rádio, TV, Internet?

Em tempos de convergência dos meios; rádios que estão nas ondas e na Internet e na TV, jornais que estão no papel e nos bits e na TV, revistas que estão em todos os lugares e blogs que viram programa de televisão que viram programas de rádio, propagandas que viram filme que viram game que viram blogs que viram sites de jornalismo colaborativo que viram livro; que sentido faz classificá-los ainda pelos seus dispositivos de recepção: Revista, Jornal, Rádio, TV, Internet?

Sempre que nos perguntamos “para onde vai nossa verba”, é uma simplificação preguiçosa dividir os investimentos da forma que fazemos.

Mesmo que a gente raciocine em termos de “atitude” do receptor diante da mensagem, TV – anestesiado; Internet – excitado; Jornal – desperto; Revista – sintético; ainda assim o raciocínio é no mínimo raso porque quem garante que a TV não pode excitar, investigar, opinar? Ou a Internet hipnotizar, adormecer, manipular?

Da mesma forma, não significa mais nada dividir o bolo publicitário em tipos de mídia, assim como não significa mais nada falar em verbas de comunicação por meio, ou discutir se agências de propaganda devem ser especializadas nessa ou naquela plataforma de comunicação. Soa quase ridículo dizer que um redator é melhor em “off-line” e idiota em “on-line”, um planejador que manja tudo de internet e nada de experiência de marca, um mídia que sabe fazer “x” e incapaz de programar palavras chaves ou contratar blogueiros. E se não é ridículo, é no mínimo, um mínimo inaceitável hoje.

Um veículo de comunicação não limita mais sua atuação ou se o faz, é uma opção poética. Dizer que O Globo é só papel é ofensa grave, gravíssima. Dizer que a Rede Globo é um entretenimento de sofá, idem. Um anunciante não é um anunciante de TV ou de Jornal. Uma agência – ainda que persistam as irritantes separações de disciplinas – não pode ser uma coisa tão pequena, terra de especialistas bitolados e caretas.

Porque um veículo de comunicação é uma marca antes de ser uma mídia. Um anunciante, idem. Uma agência, várias.

Porque um veículo de comunicação é um conteúdo antes de ser uma mídia. Um anunciante, idem. Uma agência, vários.

Vamos fazer planos de mídia por marca e por conteúdo.

Vamos trabalhar os conteúdos das marcas e não esse onanismo metafórico que consiste em inventar atributos emocionais e posicionamentos que mais parecem xavecos desastrados.

Vamos criar idéias e não filmes, anúncios, banners ou eventos.

E vamos também desistir de vez em chamar as pessoas de consumidores. Que palavrão!

4 thoughts on “Sugiro abolir a palavra mídia

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