Perguntaram outro dia “você é sempre do contra?” e pensei que talvez valesse a pena, excepcionalmente, falar um pouco em primeira pessoa.
Viver não é uma opção, é uma contingência. Ver, sentir, pensar, escrever também. Morrer é a única decisão que tomamos, no reflexo do viver.
E se assim for, muito além dos fluxos e refluxos que nos conduzem, assumir o leme das decisões, ver-se como centro irradiador de causas, criador das marés, influenciador do futuro é o alimento da vida. Melhor morrer do que curtir a deriva.
O homem não teria criado o fogo e a roda, fundido os metais, construído estradas, edificado templos, eliminado inimigos, vencido o espaço sideral e sonhado com a eternidade se nunca tivesse duvidado do determinismo e das leis de causa e efeito. O homem nunca teria sido homem se não tivesse duvidado de Deus.
O drama da existência só tem sentido quando extravasamos ou no mínimo assumimos que somos contra tudo e todos. A crítica, ainda que não seja opção, é a base da vida.
Só vale a pena beneficiar dos minutinhos de atenção dos bem aventurados leitores desse blog se for para ser contra. A turba do “a favor” já é grande demais.