Você não vale quanto te pagam

Dizem que a atual geração é ansiosa e idealista. Quer mudar o mundo e que para que isso aconteça, vê-se centro propulsora das transformações. Como vislumbrou o mundo antes de tirar as fraldas e, a poucos cliques de distância, faz malabarismos com o conhecimento humano, tem pressa de ficar rica. Para ela, dinheiro não é nem fim nem meio, é merecimento precoce, ponto de partida.

As flores que floresciam quando Cabral avistou Terra só diferem das que colorem as matas do século XXI, porque aquelas eram uma esperança e, estas que vemos pela janela, um arrependimento. Aquelas eram a redenção, estas um incômodo, aquelas um começo alegre, estas uma fim melancólico. Aquelas, o Novo Mundo, estas, o Velho Mundo debatendo-se nas entrelinhas do código florestal.

Na história da Terra, o homem saiu das trevas há muito pouco tempo, mas porque a vida terrestre é um soluço, damo-nos senso inventando marcos históricos, eras, épocas e gerações. Pertencemos a essa ou aquela era, época e geração que necessariamente em tudo opõem-se àquelas outras, anteriores e posteriores. Ajuda consolar-se da imutabilidade da condição humana.

Mas de verdade, não mudou tanta coisa assim. Geração não é código genético, é ambiente cultural, portanto fugaz e fabricado. Dinheiro fácil é parte dessa ilusão.

Rimbaud escreveu muito jovem e pobre. Depois foi para a África. Rico, nunca mais escreveu uma linha.

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