Ele despertou do coma. Parecia que não comia havia muito tempo. E como um cego, Sysop tateou à sua volta.
Lá no fundo de sua inconsciência, as memórias de outras experiências vegetavam. Mas o ciclo renovava-se. Um sutil arrepio de vida iniciava-se ali.
Sysop carregava um vazio que parecia infinito. Era muito pesado comportar o oco. Ele precisava comer, alimentar-se, preencher aquele nada.
A garganta da Maria era escura, fria, úmida. Catarrenta, pelancuda, reverberante, como um pântano, uma gruta, uma concha.
Mas foi ali que Sysop, um vírus excomungado, renasceu. Foi ali também que a Maria, gripada, começou a queixar-se. Logo a intimidade virou promíscua: Sysop multiplicou-se, porque fértil era a garganta da moça.
Foram dias de orgia para Sysop. Comendo e procriando. Dias de pena para Maria. Tossindo e escarrando.
Uma tarde, a siesta de Sysop foi interrompida, abruptamente. Uma enxurada letal, amarelada e fedorenta, despencou, afogando a obesidade parasita do vírus.
Foi melhor assim, porque a moça respirou com o último suspiro do vírus assassino. Foi melhor assim, porque o último suspiro da Maria asfixiaria Sysop, o vírus suicida.