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Tem tanto fornecedor online que deve dar dinheiro esse negócio

Às vezes, a sensação que temos não é de que o cliente jogou um DDDrin na gente e saímos correndo para todos os lados como baratas tontas, atolados em prazos e sem saber exatamente por que estamos saindo do ralo?

Às vezes não dá a sensação de que a Internet é tão vasta, tão movediça, tão intempestiva, que estamos sempre enxugando gelo e que nossos eventuais sucessos são obras do acaso?

Para fazer frente a esses percalços, a gente doura a pílula. De um lado fazendo retroestratégias fiando todas as iniciativas em um colar troncho. De outro, construindo cases lindos, animados e entusiastas que já são criações das criações.

Difícil saber se é consequência ou causa, mas o fenômeno também se caracteriza pela multiplicação profícua de fornecedores de serviços digitais, de agências online, estrategistas, arquitetos, designers e outras denominações ainda mais criativas. Não é incomum constatar que muitos anunciantes, embora concentrem a sua estratégia de comunicação em poucas agências, na hora do assim chamado “online”, têm especialistas pra tudo.

Existem vários adendos explicativos ou hipóteses para esse fato, por exemplo, o velho argumento protecionista de que o mundo “online” é diferente e cheio de microespecificidades. Ou ainda, de que quem está autorizando essa miríade de fornecedores gosta de experimentar na maquiavélica (no sentido próprio da palavra, e não pejorativo) tática de dividir para reinar.

Mas é bem provável que, assim como é melhor fazer barba, cabelo, bigode, unha e depilação em um mesmo lugar, é mais inteligente, econômico e, principalmente, estratégico concentrar suas iniciativas de comunicação sob um único chapéu.

De quem a culpa, da agência que não vê estímulos financeiros para investir? Do anunciante, que não vê complementariedade entre as plataformas online e offline? Provavelmente ambos.

O fato é que o resultado que vemos por aí, quase sempre, só faz diferença nos videocases do umbigo pra dentro, só é relevante nos power-points pra gringo ver.

Site de marca: perda de tempo

A sabedoria do consumidor está na capacidade de nos chamar de idiotas se fazendo passar por um.

Pesquisador: Quando você pensa na marca X, como você a imagina na Internet?
João: Ué, mas X não é para beber?

Ainda que essa resposta pudesse ser exatamente a mesma se tivéssemos feito a mesma pergunta 40 anos atrás referindo-nos à televisão, temos um pequeno insight.

A Internet nasceu, tomou biotônico e cresceu como promessa facilitadora.

Quando ela nos ajuda a descobrir como se faz um pão de ló, ela é imbatível. Quando nos permite comparar cré com cré, é muito útil. Quando a gente pode comprar ingresso antecipado para qualquer sucesso de pipoca e gritaria, é um alívio. Quando descobrimos que é possível encontrar pessoas para além do clube, do trabalho e da escola, a Internet cura todo provincianismo atávico. Quando a gente não quer micar na sexta à noite e zerar o fim de semana inteiro, se jogar na Internet é um bom começo.

Síntese do beabá: a Internet é um trampolim de vida lá fora.

Mas e a marca X? De beber, de lavar roupa, de vestir, de dirigir, de pegar dinheiro?

Em vez de jogar o cara lá fora, pra beber, pra lavar, pra desfilar, pra esmerilar ou gastar, vamos inventar moda e parafusar a bunda do cara na frente do computador com falácias de engajamento ou outras histórias pra boi dormir.

Perdemos um tempo doido criando doideiras na Internet.

Mas esquecemos que, salvo patologias nipônicas, as marcas deveriam, antes de todas as pirações online, jogar nego no off.

E todo o resto, todo o resto, é só publicidade.