O Soho é bacana mas tá ficando babaca. Deslumbrou e virou blasé chique: restaurantes da moda, galerias com vitrine dando pra rua (argh), boutiques grifadas. É verdade que o bairro ainda conserva certa boêmia com seu ar delabré estudado. Mas, assim como em outras capitais cosmopolitas do Mundo, os bairros populares centrais estão se transformando e se pasteurizando. Tá tudo muito parecido e você se sente em casa nos Jardins, no Soho ou no Marais. O mesmo vinho, o mesmo foie gras, as mesmas pessoas, as mesmas línguas, as mesmas caras, as mesmas roupas, as mesmas referências. Deve ser a tal da globalização. O mundo abastado é um Epcot Center, uma Chatolândia.
Lá, obviamente, o programa favorito é a deambulação consumista.
Tinha o Gugenheim no Soho. Era legal. Era. E, de repente, shazan, surge uma enorme loja da Prada. Uma celebrada loja da Prada no lugar do museu deliciosamente improvisado.
A loja é uma homenagem flagrante a essa onda de “lindolatria” que assola o mundo rico: linda de morrer, metida de morrer, cara de morrer.
Daí, tem de tudo: revestimentos ousados num décor de instalação contemporânea. Sapatos, roupas, cabines, etiquetas e vendedores disfarçados nos cantos menos óbvios. Sim, sim, é tudo lindo. É tudo do bom, mas no fundo, no fundo, não passa de uma loja de “sapatô de arigatô ricô”.
E você sai de lá, tempos depois, sacola na mão, desfalque no cartão. Quem dera conseguir resistir.
Calça Boyfriend tá na moda mesmo? Sim! Apesar de nesse inverno as skinnys, leggins, enfim calças apeadas estarem COM TUDO +