Socar sem sujar

Tem gente que grita, arranca a sobrancelha, se lambuza compulsivamente de chocolate, detona o cartão de crédito, entope os ouvidos de um terapeuta, envergonha um padre, xinga o juiz, massacra o controle remoto da televisão, hiberna com o barrigão pra cima, se afoga num copo de cerveja, vocifera em nome de Jesus, mergulha em jobs imaginários até altas horas, coleciona tampinha, piada, GIF animado, coruja, mentira ou botox.

Sem esses pequenos cacoetes a vida seria enfadonha ou a morte atrasada.

O inferno são mesmo os outros.

E eis que, como se não bastasse tanta compensação, como se elas não fossem suficientemente criativas, surge a colaboração na Internet.

Se o prozac digital é igualmente prejudicial à saúde, à fé e à sanidade mental, ele tem uma vantagem quase irresistível: a eloquência.

Delirar no seu blog, expor-se no seu twitter, viralizar onde não se é chamado e manifestar-se onde se é, é um lustre de vaidade.

Nunca subestime o poder espalha-merda da Internet. E merda compartilhada é mais gostoso.

Escrevo porque o duelo em campo aberto está fora de moda e já me teria matado.

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