Sobre redes sociais e lobos

Um frenesi polissilábico (thanks Nick Hornby) acometeu toda a mídia, inclusive a subterrânea e terrorista blogosfera. Só se fala em redes sociais, social media, essas coisas. É o tipping point da sociedade da informação, das relações interpessoais e da comunicação.

Com o justo atraso que o marketing das empresas merece (à força de precauções “mémedoéque” e instintos “tirarucu”), o frenesi virou histeria polibriefática. “Cadê minha estratégia de redes sociais!”, “Será que vocês estão tão atrasados assim que sequer pensaram nisso?”, “Acorda moçada, se liga, o mundo está todo nas redes sociais!”. Para quê? Nem se fala nisso (“ora, nao é óbvio?”), até porque o pedido de socorro geralmente esconde total cabaço.

Como já se disse, o desespero é um fator numerológico (e nem um pouco lógico). Se tem milhões de pessoas nessa coisa, deve ser bão.

Rede social é como a Internet: um ser, uma pessoa devassa, fértil e oferecida. Ou um monstro de mil cabeças, um milhão de braços e infinitos olhos. “Na Internet não é assim”, “a Internet não vai deixar”, “A Internet tem que achar seu caminho”. Chamar a Internet ou Redes Sociais pelo nome, dando-lhes qualidades e defeitos, é mais ridículo do que chamar sua geladeira de Silvia e dizer que ela é gostosa e perversa.

Pois as redes sociais, pessoal, não são NENHUMA novidade. Sabe aquele barbudo que inventou a vacina contra a raiva, o Pasteur? Ele descobriu que andar descalço na relva não “dá” gripe e que não existe geração espontânea. As redes sociais sempre existiram, pois é, desde sempre e antes da Internet atrair os incautos com seus tentáculos.

Ainda, NADA lhe obriga a estar presente nas redes sociais (seja lá o que “estar presente” signifique). Talvez você possa com isso, pobre Juan das redes sociais, sair da casca, conhecer gente, namorar, quem sabe? mas você (você?) Marca registrada? Precisar, não precisa.

Embora para o pobre Juan, marca é coisa inanimada, sem personalidade nem defeitos, nem qualidades, nem valores e muito menos missões e desígnios, para aqueles que as criam e também para aqueles que criam para elas (deve ser vício encontrar sangue, osso e humores em qualquer logotipo) marca é gente. E é justamente por isso que agora queremos “firmar presença” nas redes sociais. Para sair da casca, conhecer gente, namorar, quem sabe?

Marca é gente como a gente, gente! Então tem que estar aonde o povo está. Por aí, dialogando com as pessoas (somos muito ridículos) e seduzindo os consumidores (somos tarados).

Terceira regrinha de sanidade mental: a única coisa realmente importante que você que tem algum juízo deve fazer, é dar uma olhada no que estão falando da sua marca POR AÍ. Nada que você nunca tenha feito antes, só que agora ficou bem mais fácil porque está a poucos cliques de distância. E não entre em parafuso tá? Pouca gente continua sendo pouca gente, mesmo na Internet. Idiotas continuam sendo idiotas, mesmo na Internet. Pulgas continuam pulgas, inclusive na Internet. E lobos, perigosos e assassinos, continuam sendo lobos, até na Internet.

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