A Internet é pródiga em fenômenos que surgem como cogumelos endiabrados. Nascem e prosperam em uma madrugada, apodrecem ou procriam e ensinam um pouco.
Assim é o Twitter, uma ferramenta de relacionamento que virou estilingue de reputação ou pedestal da vaidade.
O “fenômeno” tem seus momentos de grandeza quando obtém esporádica redenção na mídia doura-pílula, manifestando vozes mudas do Irã ou do Haiti.
Mas profecias e estatísticas à parte, o Twitter é o que ele não nascer para ser: uma RSS comunitário. É nisso que é bem sucedido, sob uma perspectiva de mais fôlego. Se ele vai sobreviver como marca e plataforma independente é cedo para dizer.
Se o Twitter é isso aí, um espalha conteúdos entre pessoas pertencentes a uma mesma confraria, o que vem primeiro, o feature ou a comunidade? Dá para prever que o Twitter está mais para um apetrecho, um aplicativo de comunidades já estabelecidas do que um agregador de pessoas. Ele não conseguiu ser mais do que uma única boa idéia, que, como todas, para sobreviver, deve fermentar outras, sem parar.
Ele despertou para o estrelato como sempre é, na Internet: o pequeno bonitinho foi a bola da vez. Mas não sucumbiu, foi sucumbido, sem querer, ao star-system. Ele nasceu para estar na origem de agrupamentos comunitários do tipo “meus amigos do Twitter” e virou isso aí, uma catapulta para o Big Brother ou de outras mais renomadas estrelas do show bizz ou do esporte. Catapulta de esperteza.
O Twitter já perde fôlego, já perde velocidade, já perde interesse.
É uma pena, mas é assim mesmo, coisas do mundo líquido.
Replicando aqui um pertinente post lá do Voz:
“… mais nas revistas. Fim.
Alguém tem uma sacada. Uma idéia bacana. A idéia bacana faz sucesso. Todos tomam conhecimento da idéia. Alguns resolvem dissecá-la para estabelecer uma fórmula genérica, definitiva e aplicável. A fórmula é rapidamente absorvida e constantemente associada àquela aplicação bem-sucedida. Vira boato. O boato vira uma pseudo-tendência. Cria seguidores. Propagadores. Especialistas, com verdades absolutas e fundamentos que mesmo o dono da idéia desconhece. Alguns conseguem sucesso com a fórmula. Bom, na verdade esses fariam sucesso com qualquer outra idéia. O fariam mesmo sem idéia alguma. Após algum tempo, a grande sacada vira lugar comum. Pulverizada, dá certo em alguns casos, fracassa em outros. Entra ocasionalmente nas conversas de bar e não sai mais nas revistas. Fim.
Alguém tem uma sacada. Uma idéia bacana…”
Permita-me discordar hehe.
Primeiro, a respeito dessa frase “Dá para prever que o Twitter está mais para um apetrecho, um aplicativo de comunidades já estabelecidas do que um agregador de pessoas.”
Não é bem assim… o Twitter pode SIM agregar pessoas e eu já experimentei isso como usuária. Existem diversas maneiras de buscar ou receber recomendações de outros individuos, empresas ou geradores de conteúdo que tem os mesmos interesses que você e dessa forma a sua rede dentro do site vai crescendo.
Realmente não acredito que o Twitter seja a invenção do século XXI, porém é uma ferramenta inteligente que supriu – meio que sem querer – uma necessidade das pessoas de se comunicarem em tempo real sobre assuntos variáveis.
E sobre ele estar perdendo folêgo, interesse e velocidade… não é bem assim. Há menos de uma semana atrás o Twitter teve o seu pico de mensagens com o terremoto do Haiti… e no dia seguinte outro pico.
Bem, desculpe me intrometer hehe, mas na minha opinião o Twitter ainda tem muito a fazer pela forma que as pessoas se comunicam e interagem na web.
O Twitter só irá sucumbir se aparecer uma ferramenta com o mesmo foco e melhor. Aos que usam a ferramenta e sabem usa-lá vão continuar por um bom tempo, até acharem uma forma mais interessante.
Incrível como o twitter facilitou as interações entre as pessoas que a usam, facilitou e estreitou o relacionamente entre amigos, mas também entre famosos e desconhecidos.
Esse Mundo ficou pequeno mesmo. Me lembrou Gil em Parabolicamará http://letras.terra.com.br/gilberto-gil/46234/ e Pela Internet http://letras.terra.com.br/gilberto-gil/68924/. Pesquisando sobre o Pará (para um trabalho) “achei” um blog de um jovem de Manaus de 24 anos – O nome do blog é nome de uma expressão típica da Região “Pai d’égua” que acabara de ouvir por telefone falando com um paraense. E não é que o rapaz de Manaus falou “mal” do Twitter bem recentemente http://paidegua.wordpress.com/2010/01/05/quando-o-twitter-faz-mal/ Vale ver. Mundo pequeno este. Do Twitter, da Internet, da nossa cidade, do Universo… Nada é grande o bastante que nos satisfaça. Nós os humanos insáciaveis e nossa mania de grandeza. Vixe! Agora lembrei do filme “Onde Vivem os Monstros” 🙂 Mundinho, mundinho… Belo texto Fernand!
@bokardo ‘let me in’? I didn’t realise joining twitter was now like going out, getting drunk and losing your keys to the internet.