E se a Criação também pensasse em rentabilidade?

A rentabilidade das agências de comunicação é assunto que interessa a todos: do cara da HP ao do Youtube, mas também ao cara da planilha, da coxinha, da gravata.

Se o cara da HP sabe fazer conta mas não sabe fazer anúncio, o cara do Youtube, sabe fazer anúncio mas não sabe fazer conta e isso é mais grave.

Se o cara da criação usasse um pouco seu tempo de Youtube, fffound, coolist, lifelounge ou quaisquer outras fontes inesgotáveis de inspirações conceituais, para entender de onde vem a grana, ele talvez fosse o mais interessante motor de transformação (ou sobrevivência) da nossa atividade.

Mais da metade da correspondência de Mozart a seu pai carrasco era reclamando da falta de reconhecimento financeiro pelo seu inestimável talento. São inúmeras as cartas de Van Gogh para seu irmão Théo, em que ele se preocupa com a bufunfa. O vil dinheiro não macula a verve artística, portanto.

Em um mundo em que cada vez mais freqüente se torna a remuneração variável, não tem nada de feio em se preocupar com a rentabilidade da empresa.

Pois vivemos em um mercado que soube defender uma fonte garantida de rentabilidade para as agências, sistema esse que assegura uma relativa sanidade financeira de todos os lados. Isso não é nem ruim, nem injusto.

Do outro lado, vivemos em um mundo que não está perto de encontrar uma fórmula que remunera adequadamente os agentes das novas plataformas de comunicação que, por natureza, são avessas aos modelos tradicionais. E, sempre que alguém ganha dinheiro nesse admirável mundo novo, em qualquer ponta, é através do jeito velho (o Youtube do Google que o diga).

Mas enquanto a acomodação não se dá, sejam por novas ou antigas fórmulas, o nó está na negociação, porque é evidente que a pressão existe para otimizar ad infinitum os investimentos em mídia. E não à toa, sublima-se, exagera-se in extremis, a eficiência dos novos meios, justamente aqueles que são baratos ou remuneram inadequadamente os agentes. Não é truque, é tática,   obviamente temperada por entusiasmos exacerbados. Em síntese, o mix de meios muda e a migração se dá de meios tradicionalmente bem remunerados para outros incertos.

É evidente que os argumentos que defendem as estratégias de diversificação de meios e plataformas são verdadeiros – embora exagerados. As pessoas consomem mais meios, estão mais voláteis e menos fiéis a hábitos.

E é aqui, justamente aqui, no consumo cada vez mais fragmentado de meios, que cabe nossa única força: acreditar que é da integração dos meios que seremos capazes de ser mais eficientes e rentáveis.

A integração de meios, antigos com novos, e não apenas novos com novos, vai garantir a nossa rentabilidade, pelo menos até termos tempo de experimentar novas e salvadoras fórmulas.

Mas se tem alguém vital nisso, não, não é só o cara da mídia que força meios de maior rentabilidade. Não, não é só o cara do planejamento, que cria teorias que confirmam a tese da fragmentação do consumo de informação, conteúdo e entretenimento. Não, não é só o cara do atendimento que senta numa navalha entre a satisfação do cliente e a da agência. Muito menos o financeiro que faz esforços de dignidade para não tirar as calças nas mesas de compra dos clientes.

O cara – “O” cara – está na criação, porque ele é que sabe contar uma história que consegue envolver os consumidores transversal, diagonal, horizontal e verticalmente. Nos meios novos e nos antigos, de forma que os novos não podem prescindir dos velhos e vice versa. E isso irá garantir tudo: eficiência de comunicação e rentabilidade.

3 thoughts on “E se a Criação também pensasse em rentabilidade?

  1. Parabéns pelo excelente artigo. Apenas discordo sobre “o”cara ser da área de Criação. Da mesma forma que hoje, temos um novo modelo de criar e pensar comunicação, o talento criativo tambem foi descentralizado, estando cada vez mais presente no Planejamento e nas áreas ligadas a tecnologia.

    A criatividade deve ser estimulada e estar presente em todoas as areas de inteligência e desenvolvimento. “Os caras” trabalhando em conjunto, assim como os vários canais de midia. Pluralidade e integração.

  2. Independente do talento criativo, que deve – ou deveria – estar presente em todas as áreas, a criação – digo, o momento de trabalho dO Cara – ainda depende de o cara ser criativo, não de ser o criativo. Essa criação ainda precisa de um profissional que reúne uma série de competências, entre elas saber diferenciar o azul do verde, sem ser necessariamente inovador, vemos exemplos diários disso.

    A corrida das marcas para estabelecer um território estratégico no cenário das redes sociais criou um território perigoso, onde estão todos fazendo sua cota de mais do mesmo e chamando de inovação. E de fato é, algumas vezes, mas tem mais a ver com competência e ineditismo que com a criatividade mencionada aqui.

    A criatividade em medir números e apresentá-los com um discurso recorrente, ou em decidir o que vai se sortear na rede social, ou em seguir tendência e dizer que é original, pouco tem a ver com essa seara.

    O criativo, “O” cara, tem um perfil próprio, pessoal e intransferível. Ele cria, acredita que o que faz é arte e por isso o faz bem. Alguns até carregam a arrogância nata do artista. Ele só não acha que o planejamento está extinto; pois precisa dele e geralmente é esperto o suficiente pra saber disso.
    Talento criativo, todos precisamos desde tempos pré-guaraná de rolha. Isso não é uma necessidade nova, adquirida com o advento da internet e das mídias sociais.
    Já criativo de talento é outra coisa.

  3. Palestra Repensando sua Empresa. Como Melhorar a Alavancagem dos Negócios e Aumentar a Rentabilidade. Entrada 2Kg de Alimento não Perecível

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