Imaginemos um país muito cordial, no qual as pessoas são tão fanáticas por futebol que praticamente todas as conversas – no trabalho, em casa, na escola – se estabelecem por meio de metáforas futebolísticas.
Este país é tão sofisticado no trato da matéria que inúmeras organizações se formam para discutir e debater o esporte, suas táticas e seu futuro. Existem Confederações Nacionais, Federações Estaduais, Agremiações Municipais, Associações de bairro, Clubes interdisciplinares e até um Grupo de zagueiros que, de tempos em tempos, organiza uma Conferência Nacional na qual são colocadas à mesa as problemáticas da classe, suas bandeiras, suas frustrações, suas ideias, suas visões.
E também, por vezes, as atitudes dos profissionais do Grupo são debatidas com pompa e polêmica: “Devemos ser subservientes para com a classe dos juízes ou é melhor sermos ardilosos face à prepotência da dos centroavantes?”.
Uma agência de comunicação é um time que defende, ataca, cria estratégias, faz sonhar. As diferentes áreas de “especialidades” jogam para um objetivo comum que, por coincidência, é o mesmo do cliente. Assim como não parece fazer muito sentido um zagueiro ser ardiloso com sua classe, não é elogio dizer que um planejador é subserviente à criação ou ao cliente. Assim como um ataque agressivo não ganha campeonato se a defesa for fraca, um planejamento forte não serve para nada se a criação for fraca. E vice-versa o contrário.
Engolindo o choro – http://www.alphen.com.br/2010/12/02/engo…
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Somos todos do mesmo time. Os bons criadores, bons mesmo, não têm medo da alternância de influência (às vezes eu te conduzo, às vezes o inverso, como uma dança) nem de planejadores criativos. Nem da criatividade repentina, generosa, graciosa, que surge na boca do planejamento, do atendimento, da secretária, da dona Zezé, a moça do café. Os bons mesmo pegam aquilo e burilam, elaboram, aproveitam. Ficar disputando área de jogo por vaidade ou insegurança (serão coisas diferentes?) é um atraso de vida. E de trabalho. Agora, não acho que hoje em dia nós e o cliente tenhamos o mesmo objetivo. O dele é ganhar dinheiro e mais dinheiro, no maior volume alcançável e no menor tempo possível, sem se importar com bom gosto, bom senso, respeito ao consumidor e a profissionais que precisam comer, dormir, sorrir, amar. O nosso é ganhar esse mesmo dinheiro para ele, mas com ética, emoção, sensibilidade, inteligência – e preservando alguma decência em nossas vidas.