Quem tem ginga para o back-log?

Na indústria de tecnologia, a pedra angular do sucesso não é a ideia nem a grana. Não é o eureka matinal que vai mudar sua vida, a sociedade e o mundo, nem sua capacidade de convencer os investidores com mirabolantes planos de negócios maquiados.

Não é nem sua capacidade de trabalho ou seu talento. Não são as noites mal dormidas com o fogo cruzado de estratégias voando na sua cabeça nem sua ímpar habilidade para intuir, expressar-se e convencer um mundo de seguidores que baba por sua augusta benção.

O sucesso não está na equipe nem nos workshops disruptivos. Não são aqueles guys que andam de skate, alisando o bigode e comendo raw-food nem os paetês de post-its que coroam reuniões enérgicas.

Também não são os KPIs ou os meetings de 35 minutos. Não é nem alcançar os targets cuspidos pela legião de burocratas que não tem ideia de onde cai o balão nem aqueles calls trans-nacionais supereficientes e focados, nos quais todos esperam seu momento de dar uma tirada inteligente que demonstre que ele não está apenas rezando para alguém chutar a tomada.

No mundo de hoje, o que vale é você saber o que você vai fazer antes do quê. É saber gerenciar o back-log.

Para simplificar, um back-log é uma lista de implementações que você ordena em função de prioridades lógicas, inteligentes e financeiras.

Quanto maior o back-log, mais perspectivas terá sua empreitada e quanto mais poroso, mais inovador. Mas se ele for longo demais e se você abusar das ideias, gerencia-lo pode ser impossível. Back-log é equilíbrio, yan e yan.

Ninguém é dono do back-log. Ele é uma espécie de kolkhose onde os meios e recursos são apenas fator das prioridades e todos os agentes tem pesos e vozes equivalentes. Portanto ele não se administra à toque de crachá mas de argumentos.

O back-log é a coluna vertebral do negócio porque é da equilibrada concatenação das decisões de implementação que dependerá o sucesso da empreitada.

Mas o mais legal é que esta lógica redentora é o vírus letal que destrói as organizações piramidais e hierárquicas, onde os poucos bem nutridos no topo tomam as decisões. Quanto mais encastelados estão em seus aquários sonorizados, quanto mais refugiados atrás de suas reuniões superficiais, quanto mais ocupados em viagens de prestação de contas, quanto mais relatórios devem defender, mais distantes ficam das dinâmicas do negócio e mais incompetentes para decidir a ordem dos fatores.

Nestas organizações, o back-log é substituído por outras coisas, chamadas de Estratégias e Processos, compêndios de ideias enfeitadas por complexos diagramas. Rigidez e ordem ao invés de maleabilidade e equilíbrio. Progresso ao invés de crescimento. Marcha ao invés de rebolado.

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