Como sempre, foi aquela zona. Quem fala mais alto assume o púlpito. Os tímidos e delicados, ouvem. Mas como o propósito não foi uma reunião de plenário com sufrágio conclusivo, o resultado foi extremamente positivo.
Os personagens.
Ficou claro que, como na vida, a Internet, se é que ela existe e o seu mercado, idem, é um grande role game. E neste jogo, enquanto no passado podíamos dizer que as panóplias eram cambiáveis, os papéis estão se definindo.
O subversivo: este é aquele sujeito que vê a Web como uma polis anárquica em que as instituições são permanentemente colocadas em cheque por uma força maior, a força das idéias, das novas idéias. Para ele, a Web é um universo paralelo com não-regras próprias e que não se vendem jamais a adaptações ou acomodações do mundo do lado de cá. Na Web, ele faz mas não tem grande utilidade.
O oportunista: Este é um entusiasta surfista. Está sempre na onda. Não cria, recita. Tem uma formidável capacidade de exprimir as idéias alheias com mais veemência que seu criador. Na Web ele chupa mas faz.
O malandro: este tá sempre criando problemas. Ele é um subvernista, simpatizante das idéias revolucionárias mas com vontade de fazer. Sua extraordinária adaptabilidade faz com que ele consiga justificar tudo com bom humor. Na Web, ele cria mas faz pouco.
O pouca-prática: este é aquele que fala alto, gesticula mas só fala aquelas obviedades de quem está entrando no caldo agora. Ele é ingênuo e maleável. E cá e lá, do fundo do seu transe, diz aquilo que todos haviam esquecido (mas ele nem percebe). Na Web, ele faz sorrir ou irrita mas é o germe do novo.
O come quieto: este fica na moita. Ouve, acompanha e anota tudo no seu caderninho. Ele não tem opinião própria nem original mas é totalmente aberto e não tem preconceito. Daí, ele volta pra casa e põe no ar, com competência e sem fazer alardes. Na Web, ele ganha dinheiro.
O foco
A atmosfera estava também para a definição clara dos papéis de cada uma das empresas representadas. O partidos estão se definindo e tá na cara que acabou o romantismo.
Adaptabilidade: Esta é aquela empresa que entende que o mercado já existe e que a Internet soma-se como mais uma ferramenta, mídia, plataforma de negócios, etc. Não é necessário reinventar a roda, apenas adaptar os amortecedores e freio para este terreno. Valem os princípios, conceitos e instituições instituidas. Agências são agências, produtoras, produtoras e veículos, veículos.
Oportunismo: Esta empresa é um barba-papa. Onde sentiu cheiro de dinheiro fácil, vai lá e papa. São predadores naturais. Agressivos, eles estão em todas as concorrências. Estruturas eles inventam ou mentem. São agências quando convem, produtora quando cabe e até veículo, uai, porque não?
Coluna do meio: Esta daí é aquela que vai fundo e verticaliza in extremis mas sem perder o foco. Se estruturam para atender, mas desestruturam na primeira lufada arrevezada. Inventaram um nome para essa categoria. São consultorias de e-troço. E neste balaio cabe tudo.
Estas categorias todas são obviamente anedóticas mas elas ilustram claramente que seja lá de que estamos falando (isso mereceria uma impossível reunião especial) isto está se profissionalizando e reais problemas estão sendo levantados. Reais soluções maravilhosamente diversas estão sendo sugeridas. Chamo isso de amadurecimento. Que bom.