Uma piscadela

Quem não é movido por revoluções? Animais, vegetais e minerais. Para nossa sorte e azar, somos humanos e como tais, este é o combustível de nossa existência. É certo que alguns preferem ruminar, herborizar ou calcificar suas motivações atávicas. Se não é uma opção de vida, consolam-se eles com a alternativa de sobrevivência. Conhecemos muitos desses espécimes. Eles pululam por aí, poluindo o mundo de mediocridade competente e negligência bem-humorada. No entanto, ainda prefiro as vacas, os cedros e os cristais de rocha de verdade. Esses clones fantasiados de humanos me cansam.

Revoluções, miniaturizadas ou grandiloqüentes, significam também paixão. E, que me perdoem os cansados, prefiro viver sob o jugo febril dessa doença. Mesmo que, por vezes, tenhamos que exacerbar certos ideais, é mais excitante.

Como todos sabem, paixão se sente no coração, não na cabeça. Um arrepio, um tremor, uma vontade de acender um cigarro ou pular no pescoço do vizinho. Assim, de graça, sem motivo aparente. É mais ou menos como se fosse uma porta entre-aberta pelo destino, um “psiu” do além, um “e aí, vai encarar?”. Então, ou a gente passa ao largo, fazendo caras e bocas bem-pensantes ou então dá uma olhadinha rápida, sorri e abre o peito.

Foi isso que fiz, da primeira vez. Me apaixonei. Foi uma grande revolução na minha vida. Mas o tempo passa e continuo integralmente contaminado. E dá-lhe mais paixão. É emocional, entende? Mais forte do que minhas forças.

Essa revolução aí se chama Internet. Sou louco por ela. Morro sem ela. Sabe como é? Como quando você leu Calvino, ou quando jogou Myst, assistiu ET, tomou um porre, sentiu orgasmo pela primeira vez. Quando ela te sorriu e você quase desmaiou, quando chorou com a morte da mãe do Bambi, quando pulou de paraquedas, penetrou mandalas ou andou na lua. Sacou o que é revolução?

Então, meu “Hermes” tem ou tinha essa pretensão. Dar uma piscadela para você.

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