Outro dia, um amigo se debatia com seu futuro. Apesar de viver no século XXI, ele continua com só dois olhos, poucos dedos e um único cérebro. Azar o dele porque devem existir bilhões de jornalistas, escritores, fotógrafos e artistas. O que vai ser da gente?
Muita gente afirma, ora com vergonha, ora com orgulho, que não tem jeito pra tecnologia, não se adapta, “não é comigo”. O mundo não está dividido entre aqueles que dominam e aqueles que se atrapalham. Tecnologia que confunde é tecnologia fracassada. Tecnologia simplifica, por definição. E sim, o dino que você goza hoje, vai aprender. O mundo não é dos nerds.
Tem outros que preferem abdicar das mudanças generalistas do futuro. “Sou um especialista, manjo pacas dessa coisa aqui e ninguém é melhor do que eu”. Esta também é uma falácia. Essa renúncia atrofia o mundo. A curiosidade é um sinal mais vital que o batimento cardíaco. O mundo não é dos experts.
Finalmente tem uns que se auto-justificam com o talento. “Foi Deus que me deu”. Essa justificada ou falsa pretensão é a tabua de salvação. Mas esse naufrágio da individualidade é o bug do milênio. O mundo não é mais dividido entre aqueles que sabem (ou acham que sabem) e aqueles que não sabem. Essa barricada do talento que nega a cauda longa já não é mais rentável nem competitiva.
É arcaico saber o que ninguém sabe, e a efemeridade desse poder deixa o mais sabichão de calças curtas, em dois cliques.
É senil desprezar os bilhões de anônimos talentosos neófitos que andam por aí.
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