Antigamente, íamos pra praia sem filtro solar, descalços e com uma esteira debaixo do braço. Hoje, lambuzamo-nos sem parar, debaixo da barraca vip do Pelé em Ipanema.
Antigamente, ia-se ao cinema de paletó e gravata, sem ar condicionado, no Rio de Janeiro. Hoje, vai-se de qualquer jeito, em salas confortáveis que servem pipoca com óleo de trufas.
Antigamente, assistir televisão era um privilégio que terminava depois do jornal. Hoje, começa depois do jornal das dez e olhe lá.
Meu avô tinha um cinema de dois mil lugares. Era a atração principal da cidade. Os filmes, mudos, viam diretamente dos states: Al Johnson, aquelas coisas. Eram dois filmes, com um intervalo no meio para trocar a bobina na sala das máquinas. Minha avó encarregava-se da atração: um mágico, um malabarista, um engolidor de fogo, uma cigana que tudo predizia porque tinha sido devidamente briefada sobre a vida secreta de cada família. O cinema virou shopping ou concessionária de veículos.
E hoje tem Internet, dá para assistir qualquer coisa na sua melhor poltrona, quase de graça (ou de graça), em ambiente perfeitamente controlado, com amigos ou sem, de cueca ou sem.
Quando meu avô nasceu, a primeira guerra mundial ainda não tinha ceifado as vidas de um terço dos homens franceses. Quando eu nasci, o planeta tinha metade da população de hoje.
Em Itamaracá, todo mundo tem televisão em casa, mas o prefeito instalou uma, comunitária, na praça. Tem dia que os bancos de cimento ficam apinhados, num calor arretado, todo mundo grudadinho na novela.
O rádio não matou a televisão e a internet não matará o jornal (físico).
Tem coisa melhor do que tomar café da manhã lendo jornal?
PS: não vendam seus CDS! Em cerca de 10, 18 anos, voltará com tudo!
Tem uma passagem no livro de eclesiastes que diz que não há nada de novo no mundo, e tudo que há hoje, já havia desde sempre. Talvez isso se aplique à condição humana, somos tão egoístas como sempre, tão bárbaros como sempre. Apesar de aprendermos cada vez mais, naquilo que realmente importa sabemos tanto quanto sempre soubemos.
Porém, que o mundo passa hoje por uma mudança ímpar, é inegável. A internet é a maior invenção desde a imprensa. Muito mais poderosa que a televisão e o rádio. Seu potencial é inimaginável e a cada dia surgem novas aplicações. Não tenho dúvida que a mídia impressa, a televisão e o rádio convencionais vão acabar. Pode ser daqui há 10 ou 100 anos, mas vão acabar. Eles possuem um desvantagem irreparável: são vias de mão única.
Está cada vez mais claro que todas as mídias tendem, irremediavelmente, a convergir para o mundo digital. Tudo que pode ser digital será digital, essa é a lei. Cabe a nós a sabedoria de não permitir que o digital e o virtual acabe com o real e com o social.
Mas isso também eu acredito que é questão de tempo. Vivemos uma época de empolgação, de hypes. Tudo é movido a empolgação. Tipico de adolescentes. Assim que a internet amadurecer e os ânimos se acalmarem, poderemos retomar nosso papel de senhores e nos livrar do papel de servos.
Parabéns pelo post.
Ouvia meu avô dizer ” antigamente era assim , assim , assim… vai acontecer isso aquilo etc… ” depois meu pai começou dizer a mesma coisa , e agora eu concordo com voce …
Por que sera?
sore o tema, tá dito, sobre o estilo, é o meu preferido, contos, sem regras.
..,contos, sem regras, sem ditames.