Tem uma técnica infalível para encontrar a chave, a carteira, o celular perdidos: concentre-se longamente no objeto, observe-o em todos os detalhes na sua cabeça e depois vá fazer outra coisa bem diferente. Quando você menos esperar – talvez tarde demais – o troço aparece. Só tem duas condições pra essa bruxaria funcionar: a sua capacidade de materializar mentalmente e esquecer logo em seguida. Parece tão simples que nem dá pra acreditar.
Já repararam como a gente – da propaganda – faz pesquisa, estudos, inventa moda? É tanta novidade que às vezes, a gente se diverte mais com isso do que com o produto final.
Ou então – e quase sempre – estamos tão perdidos que saímos tateando como um cego na feira. Nossas bengalas, nossas mãos, são essas pesquisas. Raramente elas nos devolvem a visão mas nos confortam com uma ilusão salvadora.
O problema talvez não esteja nas bengalas (claro que a maioria delas é estúpida, careta, mal conduzida e manipulada, mas disso já deu até preguiça falar) mas no cego.
A gente confia tão pouco na nossa visão (na nossa opinião, na nossa intuição, na nossa vivência, nos nossos reflexos) e acredita tanto no método científico que partimos para os estudos sem saber o que queremos descobrir, confirmar, refutar. Sem hipótese.
O resultado das pesquisas é que formulam as hipóteses, e vamos trabalhar, criar, produzir tão cegos quanto antes, só que auto-iludidos.
Mas quando a gente se pergunta antes “o que diabos quero descobrir?”, começamos cheios de certezas. E isso é bom. Como na técnica da chave perdida: quanto mais detalhada a nossa visão mental, melhor.
O segundo passo é ir a campo e observar (não interrogar para não cair na tentação de orientar nossa presunção hipotética). Observar e esperar uma revelação. Como na técnica: quanto mais esquecermos o que diabos estamos fazendo aqui, melhor. Se não pintar nada na pesquisa – acontece – relaxa, use as certezas iniciais no briefing (as hipóteses). A revelação vem depois – talvez tarde demais – mas vem.
Mais cego que cego é cego que não quer ver.
Lendo teu texto imaginei um cego parado numa esquina movimentada e perguntando pra bengala: “o semáforo tá verde?”
Mas essa bengala, como todas, não tem tato, instinto, voz ou opinião. Ela nada respondeu. Mas o cego pensou “eu tenho uma bengala, vou atravessar”. Foi atropelado.
O dia em que a bengala tiver tudo isso, seremos dispensáveis.
O pesquisador em uma agencia na sua grande maioria seria a bengala conduzida por todos. Mesmo tento todos os instintos e sanidade suficiente para saber o certo do errado, ele não fala, não pensa não age e não vê.
A penas clica.
vc ja fez alguma pesquisa no google? aqui tem td q vc ja pesquisou!! http://www.google.com/history #MEDO