Em democracias mais maduras, os órgãos de imprensa costumam declarar suas opções políticas e eleitorais. Na França, um dos maiores jornais do país, o Libération, se anuncia “anti-Sarkozy” convicto.
No Brasil, boa parte da mídia abriga-se sob o manto de uma confortável e aparente neutralidade. Portanto, se Obama pode eventualmente agradecer o inequívoco apoio do New York Times à sua campanha, o mesmo não poderia José Serra fazer à Veja.
O sonho hegemônico dos principais veículos de imprensa no país justifica essa neutralidade de opereta que transborda um falso apartidarismo.
Justifica em parte também a propaganda eleitoral gratuita, porque, por trás da máscara (furada) da neutralidade, os órgãos de imprensa fazem perniciosas campanhas. A neutralidade presumida é um poderoso argumento de convencimento. Era.
O candidato derrotado à eleição para presidente, em seu discurso logo após o resultado da apuração, agradeceu aos seus eleitores “nas ruas e no Twitter”.
Singela delicadeza, já que seguidores são eleitores potenciais e ele também poderia ter agradecido aos leitores da Veja – que devem ser os mesmos, inclusive.
Mas mídias sociais são diferentes porque o conteúdo editorial é necessariamente “partidário”, portanto, honesto. Sem essa de fingir neutralidade.
Embora não se possa calcular ainda a importância da Internet nessas últimas eleições, já se pode perceber que a maior parte da imprensa brasileira “tradicional” teve muito pouca.
A imprensa tradicional brasileira está perdendo capacidade de mobilização também por falta de transparência?
“Agradeço aos eleitores na rua e no Twitter” – http://www.alphen.com.br/2010/11/03/agra…
RT @Alphen “Agradeço aos eleitores na rua e no Twitter” – http://www.alphen.com.br/2010/11/03/agra…
RT @Alphen: “Agradeço aos eleitores na rua e no Twitter” – http://www.alphen.com.br/2010/11/03/agra…
RT @Alphen: “Agradeço aos eleitores na rua e no Twitter” – http://www.alphen.com.br/2010/11/03/agra…
Prezado senhor,
foi por puro acaso que cheguei ao seu comentário, ou post como os Srs. dizem.
Concordo com o seu comentário. Na filosofia há muito tempo chegou-se à conclusão que não existe a tal isenção, a tal neutralidade. Quando escolhe-se um tema, um assunto, um fato, uma imagem, já estamos fazendo edição, já estamos selecionado. Já estamos fazendo política.
Por essas terras brasileiras cansei de escutar que jornalismo é ciência. Patavina!
Assim como o jornal Folha de São Paulo apoiou a ditadura, tendo-lhes empresados até os veículos de distribuição de jornais para transporte de supostos subversivos, e como o Estado de São Paulo que declarou seu apoio (importantíssima declaração).
Realmente o Sr. José Serra deve agradecer aos leitores da Veja, do Estado, da Folha do Oglobo e da Globo. Afinal o governo do seu Estado gastou muito em publicidade, assinaturas de revistas e jornais com esses veículos. Como consta no D.O. do seu Estado.
Prezado jovem escritor. Parabéns pelo seu texto: curto e direto. Eu é que preciso aprender a me despreender das hipérboles e deixar o meu texto seco como uma árvore do sertão.
Prezado Senhor, datavenia, patavinas, e árvores do sertão a parte, o seu texto nos parece subjetivamente magoado como opoio que o Sr Serra recebeu de revistas toscas como a Veja. O Senhor poderia ter explicitado seu apoio a Dilma. O senhor enumera com razão exemplos de apoio velado ao Serra, mas esquece de enumerar os apoios que a senhora Dilma recebeu. Não cometeu vossa senhoria o mesmo crime que denuncia?
Magoado por quê? Como eu disse, esse apoio de pouco serviu, já que a Dilma ganhou. Portanto não cabe mágoa nenhuma.
Quanto aos apoios que a Dilma recebeu, falo da grande mídia. A Carta Capital não é grande mídia, muito menos meu modesto blog, que aliás não tem nenhuma intenção de discorrer sobre política.
Não vejo crime algum nem meu nem da Veja. Cada um faz o que quer, iclusive votar na Dilma, o que fiz com convicção.
Mas me parece que a opacidade da grande mídia tem um impacto negativo sobre sua capacidade de influenciar pessoas e eleitores. Já as mídias sociais, transparentes na essência…