Não é fácil acompanhar a velocidade de inovação dos gadgets que nos servem de esqueleto existencial. Essas novidades ocupam o centro do desejo contemporâneo. Moda, tecnologia, decoração, viagem, etc, e para justifucar tantas presumidas mudanças de comportamento, atitudes, valores, precisamos inventar também termos.
Qualquer pesquisa ou publicação que quer impressionar, precisa cunhar palavras novas, seja abusando dos prefixos (o que está na boca de todos os bem aventurados profetas da modernidade é “trans”), seja germanificando o português, com a juxtaposição de várias palavras (até porque usar palavras mais precisas em outras línguas ficou fora de moda).
Parece que todo o esforço e busca pela simplicidade, minimalista e econômica, é saudosista e o pecado mortal é tentar encontrar paralelismos com o passado. Não, tudo é inequivocamente COMPLEXO e NOVO.
Todo mundo quer se “adaptar” às transformações como se essas mesmas “transformações” fossem independentes. Como se as “mudanças” fossem paridas por geração espontânea, pré-programadas e sempre acelerando. Temos que correr atrás, sempre em débito com a nova-novíssima-nova palavra.
Mas o novo sempre foi fator de uma necessidade genuina e humana. Nunca de uma projeção. Menos ainda de uma compensação.
Queremos fazer bonito, mas na maioria das vezes é ridículo.
O primo de Marília estava certo: “comprei uma bota nova, lindona, pra fazer bonito na sua festa. Mas acabei colocando essa que é essa que eu aguento, né?”
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