Já reparou que quanto mais tentamos entender um assunto, mais perdidos ficamos? Quanto mais aprofundamos, mais boiamos? Então por isso, melhor desistir de qualquer complexidade e abandonar-se à tentação do scroll histérico, da opinião ejaculada e da postagem precoce?
Se a opinião não tivesse importância, se aquilo que falamos e postamos fosse apenas um reflexo involuntário, como respirar ou coçar, nenhum mal faríamos em distribuir, sem filtro, ideias ao vento. Mas ninguém é uma ilha. Todo mundo é influencer de alguém.
Mas será realmente importante dar opinião? Será que precisamos tomar partido e posição sobre tudo? Por quê? Pra ser o primeiro da classe, da turma, do grupo a vomitar, qual telefone sem fio, uma imprecação categórica? Uma informação que circulou, editada em cada nó de retransmissão, sem fonte, sem contexto? Uma opinião adjetivada, numa língua frágil, imprecisa, mas radical?
A viagem pode ser tão mais gostosa que a chegada. A descoberta é tão mais legal. E tudo bem não chegar ao fundo. Tudo bem perder-se nos meandros infindáveis do pensamento complexo, tudo bem não saber quem tem razão – o que é ter razão? – na guerra da Ucrânia, na guerra da Palestina, na guerra no Cazaquistão no Alto Carabaque.
E principalmente, tudo bem recolher-se para pensar, meditar, rezar ao invés de postar como se faz cocô, opiniões fisiológicas.