“You have three roles in a war: a victim, a torturer or a bystander.
And all three roles are traps.”
Nadav Lapid
Nadav Lapid, cineasta engajado e autor de Synonyms e Ahed’s knee, em recente entrevista, declarou que não se sentia eticamente capaz de julgar (ou condenar) decisões políticas que não sejam as de seu próprio país. Isso o coloca, portanto – e para quem já viu seus filmes, isso é claro –, em uma posição moralmente segura para criticar, com inequívoca violência, a política de seus dirigentes, suas elites, suas maiorias e suas minorias. Se, no entanto, Lapid se sente no direito de ser duro com seus eleitos, ele também solicita a mesma atitude dos outros lados. Sejamos inclementes conosco para que os outros ajam de igual modo com eles próprios: essa é a lição dos olhos inquietos e tristes do cineasta.
Este post não é sobre a tragédia que está acontecendo no Oriente Médio nem sobre a barbárie terrorista do Hamas nem sobre o drama palestino. É sobre o mundo “cropado” que chega até nós, todos os dias, por meio das redes sociais. Inclusive essa guerra, claro.
Nos dias de hoje, enxergar a palha nos olhos dos nossos irmãos sem ver a trave nos nossos parece ser, infelizmente, o mais banal e inútil dos ensinamentos. O narcisismo exacerbado e a autoestima masturbatória não dão espaço para nenhuma autocrítica.
De outra perspectiva, quem se atreve a emitir qualquer opinião que escape das convenções ou da ditadura da bolha é alvo fácil de um moralismo militante e covarde.
E para fechar as tragédias atuais, a opinião parte à deriva com o fluxo incessante de notícias, imagens e dados falsos, sem contexto ou manipuladores.
O ser humano pode pensar com três diferentes partes do corpo: com o coração, com a cabeça ou com as tripas. As redes sociais são incríveis para a análise e apropriadas para o sentimento, mas imbatíveis para a brutalidade.