“Ninguém nunca perdeu dinheiro subestimando o gosto do público”, disse Jack Warner, ou Samuel Goldwyn, ou H. L. Mencken, ou o Tio Patinhas.
Perguntei a uma inteligência artificial de quem era a frase, e, cada vez que eu duvidava de uma resposta e sugeria outra, ela gentilmente se desculpava e concordava com minha sugestão.
Ninguém nunca perdeu dinheiro subestimando uma inteligência artificial.
Ou, continuando a paráfrase, ninguém nunca perdeu dinheiro “chutando”. Ou ninguém nunca perdeu dinheiro mentindo. Melhor ainda: ganha-se dinheiro subestimando o público, “chutando” e mentindo – há muito tempo.
Napoleão mentia muito quando propagandeava suas derrotas como vitórias. Ridley Scott também mentiu filmando o bombardeio da pirâmide, pintando uma Josephine muito mais jovem que seu marido ou dizendo que Napoleão só pensava “naquilo”.
Licença política, publicitária, poética ou artística?
Em “O nome da rosa”, de Umberto Eco, Jorge de Burgos e Guilherme de Baskerville debatem sobre o riso. Este pode ser fonte de dúvida e, por isso, deveria ser proibido para o bibliotecário. O riso é o apanágio da racionalidade humana e, por isso, deveria ser encorajado para o aristotélico Baskerville.
E se, em vez do riso, falássemos da mentira – também atributo próprio do ser humano?
Nunca ninguém perdeu dinheiro fazendo rir. E talvez nunca ninguém tenha perdido dinheiro fazendo as pessoas mentirem.
Somos “team Burgos” ou “team Baskerville”, quando uma inteligência artificial mente?
Licença computacional existe?