Monthly Archives: September 2009

O despertar digital das majestades

“O consumidor ganhou a oportunidade não só de tomar decisões de compra melhores…mas também de decidir quem serão as empresas que farão parte de suas vidas.”

“A Internet é uma ferramenta muito poderosa. Mudou a relação entre pessoas e marcas.”

“É bom quando as pessoas têm direito de se expressar de forma totalmente livre.”

“Nas redes sociais, você pode conhecer gente que você não conhecia.”

“O Twitter é uma ferramenta de disseminação muito poderosa.”

“O Google é um motor de busca muito completo.”

“O Youtube é uma biblioteca de vídeos.”

“Tem sites muito interessantes.”

“A Amazon foi pioneira.”

“Ah, A Internet!”

Essas pérolas foram colhidas hoje, por aí, nas dezenas de veículos especializados que cobrem (ou desnudam) o mercado publicitário (de orgulho e rídiculo). Hoje, dia dez de setembro de dois mil e nove! (e não citarei a fonte e seus autores porque nenhum dos veículos é creative commons: nóis gosta mesmo é de pirataria).

Me perdoem a falta de contexto, mas até estuprador é inocente se soubermos que o pai surrava a mãe e comia a irmã.

Mas a incontinência literária da blogosfera tem o poder de despertar múmias ou tirar belas adormecidas do coma.

Blogs do B

Outro dia perguntei para um amigo blogueiro profissional (tem twitteiro, facebookeiro e personal redesocialzeiro profissional também), o que ele fazia com os comentários bobos, off topic ou ofensivos: “deleto. Comentário é parte do conteúdo”. O argumento é bom.

Por mais polêmico que um assunto seja e por mais provocativa que uma análise pareça, o coro dos descontentes costuma ser covarde. Entrega-se mais facilmente à guerrilha enviesada em redes de influência do que parte para o confronto. Ou então – e mais freqüente – manifesta-se por trás de um anônimo fanfarrão.

Mas quando o critico tem vergonha na cara, aí, garanto, dá prazer publicar o achincalhamento. Até porque é muito provável que os leitores habituais tenham tendência a aprovar as idéias do autor (salvo os masoquistas que, como eu, deglutem o Jabor com ódio gozoso). A resposta é geralmente terceirizada automaticamente.

Portanto, parece haver mais risco em deixar publicar louros monossilábicos (“clapclapclaps”, “hahahahahas” e “wows”) e debates paralelos na platéia dos comentaristas.

Mas a maior cagada, essa sim sideral, é não dar opção. Criar um blog sem espaço para comentários é um convite irresistível para a desobediência civil. É o que aconteceu, óbvio, com o Blog do Planalto e seu Blog do B. Não é uma farsa, é o Blog do Planalto, igualzinho, com direito ao ululante: comentários.

E as merdas federais não param por aí. Porque em matéria de modernidade (sim, vou falar de novo da porcaria da lei sobre uso da Internet em campanhas eleitorais), o que vem lá do planalto é tão inspirador quanto participar de um grupo de pesquisa com consumidores em Brasília. Nem dá raiva porque, de tão inútil e modorrento, de tão genérico de porra nenhuma, dá é sono.

Vamos desobedecer imediatamente e abrir um blog do B dos políticos. Já o do Jabor vamos abrir o do A porque o brilhante cineasta, escritor e comentarista já nasceu do B.

Sobre redes sociais e lobos

Um frenesi polissilábico (thanks Nick Hornby) acometeu toda a mídia, inclusive a subterrânea e terrorista blogosfera. Só se fala em redes sociais, social media, essas coisas. É o tipping point da sociedade da informação, das relações interpessoais e da comunicação.

Com o justo atraso que o marketing das empresas merece (à força de precauções “mémedoéque” e instintos “tirarucu”), o frenesi virou histeria polibriefática. “Cadê minha estratégia de redes sociais!”, “Será que vocês estão tão atrasados assim que sequer pensaram nisso?”, “Acorda moçada, se liga, o mundo está todo nas redes sociais!”. Para quê? Nem se fala nisso (“ora, nao é óbvio?”), até porque o pedido de socorro geralmente esconde total cabaço.

Como já se disse, o desespero é um fator numerológico (e nem um pouco lógico). Se tem milhões de pessoas nessa coisa, deve ser bão.

Rede social é como a Internet: um ser, uma pessoa devassa, fértil e oferecida. Ou um monstro de mil cabeças, um milhão de braços e infinitos olhos. “Na Internet não é assim”, “a Internet não vai deixar”, “A Internet tem que achar seu caminho”. Chamar a Internet ou Redes Sociais pelo nome, dando-lhes qualidades e defeitos, é mais ridículo do que chamar sua geladeira de Silvia e dizer que ela é gostosa e perversa.

Pois as redes sociais, pessoal, não são NENHUMA novidade. Sabe aquele barbudo que inventou a vacina contra a raiva, o Pasteur? Ele descobriu que andar descalço na relva não “dá” gripe e que não existe geração espontânea. As redes sociais sempre existiram, pois é, desde sempre e antes da Internet atrair os incautos com seus tentáculos.

Ainda, NADA lhe obriga a estar presente nas redes sociais (seja lá o que “estar presente” signifique). Talvez você possa com isso, pobre Juan das redes sociais, sair da casca, conhecer gente, namorar, quem sabe? mas você (você?) Marca registrada? Precisar, não precisa.

Embora para o pobre Juan, marca é coisa inanimada, sem personalidade nem defeitos, nem qualidades, nem valores e muito menos missões e desígnios, para aqueles que as criam e também para aqueles que criam para elas (deve ser vício encontrar sangue, osso e humores em qualquer logotipo) marca é gente. E é justamente por isso que agora queremos “firmar presença” nas redes sociais. Para sair da casca, conhecer gente, namorar, quem sabe?

Marca é gente como a gente, gente! Então tem que estar aonde o povo está. Por aí, dialogando com as pessoas (somos muito ridículos) e seduzindo os consumidores (somos tarados).

Terceira regrinha de sanidade mental: a única coisa realmente importante que você que tem algum juízo deve fazer, é dar uma olhada no que estão falando da sua marca POR AÍ. Nada que você nunca tenha feito antes, só que agora ficou bem mais fácil porque está a poucos cliques de distância. E não entre em parafuso tá? Pouca gente continua sendo pouca gente, mesmo na Internet. Idiotas continuam sendo idiotas, mesmo na Internet. Pulgas continuam pulgas, inclusive na Internet. E lobos, perigosos e assassinos, continuam sendo lobos, até na Internet.

Morte aos especialistas em Internet

Estamos no século XXI há quase uma geração e agora é que a coisa ta pegando. E tá pegando porque estamos completamente perdidos. Estamos na maior crise de confiança que a humanidade já enfrentou.

Não sabemos em quem confiar e o menor dos rumores, a mais perversa das fofocas e a mais insignificante informação vira um maremoto, um complô, uma revolução.

Não basta o nervoso que sofremos por não ter visto aquele vídeo bombástico que incendiou o Youtube, não é suficiente admitir a incompetência de não conhecer o formidável plugin que o bonitão do Mashable noticiou e a desesperante perspectiva de saber que certamente, em algum lugar do planeta, um Mozart tecnológico lançou a rede social que vai colocar o Facebook de joelhos.

Nada disso basta, nem mesmo a inveja por você não ter sido o primeiro a repercutir a labirintite de uma ex-celebrity ou o tombo histórico de sua concorrente.

Se não bastassem tantas humilhações, tanta sarjeta existencial, ainda temos que suportar aqueles que se locupletam com sua ignorância. Falo daqueles malditos especialistas que arrotam no seu nariz ou aqueles eventos que vomitam as proezas transcendentais dos palestrantes.

Pois na verdade vos digo, são todos uns fingidores, não nos deixemos enganar e da próxima vez que um desses demiurgos chutar o seu estômago, devolva-lhe da mesma arrogância:

– Você já está no RitWer?” (quanto mais consoante e letra estranha, melhor)
– Como disse o Gordon Jones… (quanto mais comum e “Joe the plumber” o nome, melhor)
– Saiu hoje no NextPost, você viu? (tem que ter post no nome para dar credibilidade)

Que morram todos os especialistas (em Internet) enforcados nas tripas dos últimos neófitos (em Internet).

O mundo é dos Nanos

Houve um tempo em que acreditávamos que os humanos formavam uma manada que pastava entre cercas, ruminava sem saltos de humores e até consideramos que a estação de monta era sincronizada e que a procriação era uma variação estatística.

Naquela época, o sucesso era medido matematicamente: é tanto de audiência, de participação de mercado, de penetração (a outra). Como as pessoas eram segregadas em lotes com comportamentos similares, o único objetivo das atividades econômicas era crescer, crescer, crescer.

Assim nasceram os Schumacher e os Bolts, os Guiness Books e também as metas mercadológicas. O dogma do século XX é de que “uma parte sempre pode crescer mais do que o todo”. O único fator de sucesso decente era aumentar o tamanho do naco. Por isso inventou-se o anabolizante de porcentagem que manda nas nossas vidas.

Mas, para a sorte da contabilidade histórica, estamos no século XXI e para a nossa sorte, as coisas mudaram.

Alguns críticos acreditam que Dickens criou cerca de 13 mil personagens em seus romances. Só em David Copperfield, devem ter algumas centenas e, embora seja impossível lembrar-se – e por vezes entender – a intricada rede de relacionamentos que se cruzam, alguns deles são mega-celebridades por poucos parágrafos.

Acho que a digressão foi excessiva até agora já que prometi nunca ultrapassar duas laudas (laudas? Porque será que ainda se contam textos em laudas no Word?).

No século XXI, a fragmentação é tamanha que você pode ter poucos milhares de consumidores e seu market-share centesimal, mas ser melhor sucedido do que esse monte de executivos que se descabelam para atender aos fatores de sucesso do século passado.

Em pelo menos metade de todas as conversas que tenho com a geração do milênio, eu bóio à deriva: “Não, eu não conheço esse site que é um sucesso, nem esse aplicativo incrível, nem essa pessoa famosérrima, nem esse produto blockbuster, nem essa marca que TODO mundo está usando”.

Embora eu tenha vocação para a rabugice, acredito piamente nos nano-sucessos, nas nano-celebridades e nas nano-economias.

Por instinto de sobrevivência, vamos desistir de aumentar nosso pedaço de pizza porque tem outros iguais a nós, do outro lado da mesa, fingindo a mesma coisa. Os tempos hiper-modernos nos salvarão da hipocrisia.

Quem já viu um consumidor ter insight em pesquisa?

Quem fundamenta suas opções em pesquisas de mercado, tem uma relação de amor e ódio com metodologias, análises e conclusões. Somos animais inseguros e presunçosos por definição e nesse equilibrismo caminhamos.

As pesquisas são por vezes muletas, por outras, guias. E por isso, as pesquisas estão mais a serviço de preconceitos do que de aprendizados. Mais úteis para quem pesquisa do que para quem é pesquisado.

Pouco importa a técnica, das mais tradicionais às mais moderninhas, das mais científicas às mais intuitivas, das mais isentas às mais dirigidas, pesquisa não esclarece, confirma.

Fazia 21 anos que a General Motors pesquisava sua queda de participação de mercado. E ano a ano, as mensurações seguiam a mesma ladainha: vamos desaparecer.

Pesquisas são muito úteis para antecipar e inúteis para evitar.

Ainda que as pesquisas possam ter intenções exploratórias, nossa compreensão só alcança aquilo que fomos treinados a entender. Passamos desesperadamente ao largo – bem longe – de tudo aquilo que não estava registrado no script consciente de nosso cérebro. Insights só existem em pesquisas póstumas.

Se você quer estudar um elefante, de que adianta ir ao museu de história natural? Se você quer entender um fenômeno social, de que adianta encarcerá-lo em metodologias e técnicas?

Pois para que servem, então, as pesquisas? Para muita coisa mas pouco para aprender e inspirar-se.

Ministro Ayres Britto para presidente

O presidente Ayres Britto do TSE é um alento esclarecido no vendaval obscurantista que sopra em Brasília.

Ele já se expressou de forma contraria e inequívoca sobre o projeto de lei que tramita no congresso e que trata, entre outros assuntos, de tentar regular o uso da Internet em período eleitoral. Na qualidade de ministro do STF, ele foi mais incisivo ontem (02/09), enviando para publicação o acórdão que julga inconstitucional a lei de imprensa. Aproveitando a oportunidade, o texto qualifica a Internet de “território virtual livre” deixando natimorto aquele projeto de lei que tente enquadrá-la.

O que isso implica para além de respirarmos aliviados e aplaudirmos a autoridade?

Esse tipo de visão reconhece que a Internet é um organismo que se auto-regulamenta pela livre participação das pessoas. Aceita o fato de que esse sufrágio está em franco processo de universalização no pais. Também é possível retirar a crença na maturidade democrática do brasileiro para além dos discursos reacionários de parte de nossa elite.

Do outro lado da moeda, essas decisões também deveriam engendrar um redirecionamento importante de foco na nossa mídia.

Por que a Internet seria livre? Por que um jornal em papel, por exemplo, é sujeito a certas regras e suas versões online a nenhuma, poucas ou outras?

Talvez porque as versões online dão direito de reação livre. Talvez porque permitem a livre circulação das ideias, copy-paste, mash-ups, “recriações” ao sabor da eloqüência virtual das pessoas.

Talvez estejamos no limiar de uma formidável transformação que vai dirigir um investimento colossal para a Internet.

Qual é o produtor de conteúdo, jornalístico ou de entretenimento, que não se sente seduzido por um meio livre, sem travas, sem telhado de vidro, sem interferências? Qual é o publicitário que não fica aliviado de poder utilizar sua criatividade sem cabrestos nem hipocrisias? Qual é o ser humano que não gosta do poder de desprezar, zapear, caluniar ou destruir os conteúdos que julga irresponsáveis ou impróprios?

E a experiência vai valer a pena, mesmo que seja para se perguntar, depois, o que a gente vai fazer com tanta libertinagem.

A criação autista

O autismo é uma doença que decorre de extrema sensibilidade e a conseqüente dificuldade de se comunicar com o mundo. E já há teses científicas que dão conta de uma espécie de epidemia de autismo. Isso é sério. Até aqui não estou ironizando.

Mas o autismo da propaganda não é uma epidemia. É um vício.

Os autistas fecharam-se numa bolha de mimos e auto-elogios patrocinados pelo narcisismo dos pais criadores do negócio. E como vivem em redes etéreas, virtuais, fantasiosas, mal se comunicam entre eles.

Nesse vácuo geracional nasceu uma criação que não sabe mais o que é propaganda, nem comunicação e muito menos que esse é um negócio. Ou nunca soube porque se nutre da compra do elogio de poucos.

Tristes os “11 de setembro” que cometem.

A opressão do Google

Uma pesquisa aponta que mais de 70% das pessoas que fazem compras em supermercados consideram essa atividade um pé no saco. Tem outra que diz que a maioria das pessoas vai às compras com a lista, ou parte dela – inclusive de marcas – decidida.

O suplício tem muitos motivos: orçamento apertado, mau humor do cônjuge, histeria infantil, luz gelada, fila, gente feia e a constatação de que todo esse tempo e dinheiro estraga a dieta. Compras de supermercado: se não matam, engordam.

Mas quando você tem a chance (ou o azar) de ir às compras sem obrigação, é possível isolar um indizível motivo de sofrimento: a liberdade de escolha. Colocar pesos e medidas, racionais e emocionais, entre tanta oferta é fator de insegurança. Fora a tentação pecaminosa do supérfluo. Liberdade uma ova.

Excesso de escolha aprisiona.

Um rebelde caçador na savanas africanas costumava lembrar-se dos elefantes em disparada quando encontrava-se na cadeia. Uma tropa de paquidermes sem freio era sua metáfora de liberdade salvadora.

Será mesmo que a Internet é nossa Meca de liberdade? Conceitualmente talvez, na prática nem um pouco.

A Internet peca por opressão de abundância e a falsa sensação de livre arbítrio.

E se os motores de busca fossem tiranos disciplinadores? E se os indecifráveis algoritmos de relevância, monetizados ou não, premeditados ou não, fossem obscuros inquisidores?

E se o Google fosse o HAL-9000 de “2001 – Uma odisséia no espaço”?

A Rede Globo era o grande irmão? Sei não.

Preguiça de Internet

Todos os artigos, todas as reuniões, todos os briefings, eventos, Power-points, showcases e papos de corredor comungam o mesmo mantra: “Internet geeennnte!” e de carona, ainda dá pra ouvir “se tu quer fazer algo na Internet, se liga que tu não vai poder ter controle sobre tudo, se liga que é tudo pulverizado, se liga que dá pra mensurar, se liga que ninguém quer ouvir uma marca, blablabla”.

A unanimidade também faz uma novena: “Mídia morta geeennnte” e na boléia ainda se cacareja “se liga que GRP é uma medida aproximada, as audiências estão caindo ou são artificialmente infladas, o jovem odeia isso, a classe C é aquilo, os formadores de opinião aquilo outro, tralala”.

Perdeu a graça. Todo mundo concorda tanto com tudo que já dá vontade de torcer para que caiam todos do cavalo. Todos os arautos do fato consumado, os profetas da obviedade e os evangelistas da causa ganha.

Parece mais difícil fazer um comercial blockbuster do que uma estratégia de mídias sociais acachapante. E a matemática da fantasia faz um baita efeito nas apresentações.

Sabe a meta do milhão da Internet que vale mais do que dez milhões na TV (média de um programa meia bomba num horário idem na rede Globo)? A menos que a gente seja mulher de malando, o milhão quimérico de lá deve custar mais que os dez milhões garantidos de cá.

Não é desejo de polêmica, é desejo de justiça. O pêndulo está bêbado novamente. Visionário aquele que fizer uma campanha que não tenha nada na Internet nem brand-experience, nem brand-content, nem brand-coisa-nenhuma.

Você tem talento? Grande coisa

Outro dia, um amigo se debatia com seu futuro. Apesar de viver no século XXI, ele continua com só dois olhos, poucos dedos e um único cérebro. Azar o dele porque devem existir bilhões de jornalistas, escritores, fotógrafos e artistas. O que vai ser da gente?

Muita gente afirma, ora com vergonha, ora com orgulho, que não tem jeito pra tecnologia, não se adapta, “não é comigo”. O mundo não está dividido entre aqueles que dominam e aqueles que se atrapalham. Tecnologia que confunde é tecnologia fracassada. Tecnologia simplifica, por definição. E sim, o dino que você goza hoje, vai aprender. O mundo não é dos nerds.

Tem outros que preferem abdicar das mudanças generalistas do futuro. “Sou um especialista, manjo pacas dessa coisa aqui e ninguém é melhor do que eu”. Esta também é uma falácia. Essa renúncia atrofia o mundo. A curiosidade é um sinal mais vital que o batimento cardíaco. O mundo não é dos experts.

Finalmente tem uns que se auto-justificam com o talento. “Foi Deus que me deu”. Essa justificada ou falsa pretensão é a tabua de salvação. Mas esse naufrágio da individualidade é o bug do milênio. O mundo não é mais dividido entre aqueles que sabem (ou acham que sabem) e aqueles que não sabem. Essa barricada do talento que nega a cauda longa já não é mais rentável nem competitiva.

É arcaico saber o que ninguém sabe, e a efemeridade desse poder deixa o mais sabichão de calças curtas, em dois cliques.

É senil desprezar os bilhões de anônimos talentosos neófitos que andam por aí.