Quando a crise é conjuntural, a gente espera. Quando ela é estrutural, a gente se adapta. Mas quando ela é existencial, melhor sair correndo.
Segundo estatísticas, 70 mil publicitários perderam o emprego com a recessão.
Uma parte deles foi demitida porque as verbas publicitárias são bipolares: investimento na bonança, despesa quando tem que tirar o pai da forca. Essa é a crise de conjuntura. Passa.
Uma outra porção grande deve ter saído e ainda vai sair porque o modelo de negócio entrou numa puberdade tardia e autodestrutiva. Ainda tem gente do métier defendendo a desregulamentação, que coloca em risco as conquistas do passado. Esse cada-um-por si e a Globo por todos é estrutural. Dá-lhe jogo de cintura.
Mas quando a profissão de publicitário vira uma espécie de meca dourada, que atrai pessoas com veleidades e vaidades artísticas, mimadas, um soluço do mercado vira crise existencial. Não é capricho.
O mercado não está só em crise porque o mundo está em crise. Nem só por conta e obra exclusiva dos tubarões social climbers.
A crise é de descolamento da realidade e teimosia amargurada. É a crise da autorreferência ignorante e pretensiosa. A crise da curiosidade seletiva e, portanto, burra.
Ainda tem publicitário com preconceito de comunicador instantâneo, que tem medo de rede social e que defende a censura da Internet com malditos filtros de conteúdo.
70 mil ex-publicitários é pouco!
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